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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Como calcular a lucratividade?

Priscila Zuini
Para calcular a lucratividade, precisamos de dados financeiros da empresa, apresentados no Demonstrativo de Resultados do Exercício (D.R.E.). Os valores de vendas/faturamento e de gastos (custos ou despesas) serão usados.

A diferença entre as vendas e os gastos é o que chamamos de lucro, se o resultado é positivo, e prejuízo, quando é negativo. Saber se uma empresa dá lucro ou prejuízo, e mais do que isso, o quanto de lucro ou prejuízo, dará ao empresário condições de tomar medidas para atingir suas expectativas financeiras.

Assim, os ganhos passam a ter papel importantíssimo na análise de resultados de um empreendimento. A lucratividade nada mais é do que o percentual do lucro de uma empresa pelo faturamento (ou vendas) da mesma, em um determinado período. Por exemplo, com faturamento de 100 mil reais e lucro de 12 mil reais, a lucratividade será de 12%.

Saber o lucro nos ajudará somente se tivermos referências para analisar se este valor é bom ou ruim. Um grande atacadista, importador, distribuidor ou mesmo uma grande fábrica pode atingir ganho mensal na ordem de 5% e estar totalmente satisfeito com o resultado.

Por outro lado, podemos encontrar uma empresa prestadora de serviços que atinja 20% de lucratividade e seus sócios não estarem felizes com isso. Ou seja, a resultado está diretamente ligado ao faturamento que a empresa gera. Lucratividade de 1% sobre milhões será melhor do que de 30% sobre um faturamento baixo, por exemplo. Para que tenhamos uma boa referência, vale a comparação com outros negócios do mesmo segmento.

Alguns empresários usam as referências do Sistema Tributário do Lucro Presumido para definir lucratividades mínimas para seus negócios. Partindo deste princípio, empresas de comércio pagam alguns impostos sobre um “lucro presumido” de 8% sobre o seu faturamento. Para prestadoras de serviço, este valor fica em 32%.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Quatro sinais de que sua ideia de negócio é ruim

Priscila Zuini
 
Quase todo empreendedor acredita mesmo que a sua ideia de negócio é perfeita, não tem como ser melhorada e está destinada ao sucesso absoluto. A ilusão empreendedora está também ligada à capacidade destas pessoas de enxergarem projetos e se entusiasmarem tanto a ponto de investirem o próprio dinheiro e tempo nele.

Geralmente, no entanto, as ideias sempre podem ser melhoradas e algumas nem devem sair do papel. Seja por falta de clareza ou mesmo de pesquisa, existem pequenas empresas que não vão adiante e saber disto a tempo pode ajudar a evitar uma decepção e um rombo na conta bancária.

Para David Kallás, professor de Estratégia do Insper, existem quatro perguntas essenciais para medir o quanto a sua ideia é boa. “A primeira é se sua ideia é realmente útil. A segunda é se o seu preço é facilmente acessível para a massa de compradores. A terceira é se você é capaz de cumprir sua meta de custo para lucrar com o preço que definiu e, por fim, como vai fazer para entregar a um custo adequado e ainda ter lucro. Para ser comercialmente viável, precisa ter as quatro coisas”, explica.

Veja a seguir quatro sinais de que uma ideia não tem potencial para virar um negócio de fato.

1. O mercado consumidor é imenso
Se você acha que seu negócio tem um mercado consumidor enorme, já começou mal. O primeiro passo a fazer uma pesquisa séria e não ficar só perguntado o que seus amigos acham sobre o produto. “Precisa testar de uma forma mais objetiva do que simplesmente consultar algumas pessoas”, diz Kallas.

O ideal é que o empreendedor converse com clientes potenciais assim que tiver a ideia, mas profissionalize na hora de investir. “O que vai mostrar se é boa ou não é conseguir vender aquilo. Precisa vender ou não tem dinheiro para nada”, ensina Marcos Simões, diretor de seleção e serviços a empreendedores da Endeavor.

Outro sinal comum de problemas na ideia é quando o seu mercado é muito generalizado. “Coloque como perfil quem realmente enxerga o valor do produto. Precisa pensar qual o tamanho do mercado, para quantos clientes pode vender e é importante que o empreendedor seja muito crítico e específico”, diz Simões.

2. A ideia é tão inovadora que as pessoas nem acreditam
Quando uma ideia é muito inovadora, o empreendedor precisa pensar em mais coisas além de abrir uma empresa. “Ele pode enfrentar resistência das pessoas, de achar que não funciona ou não vai dar certo. São barreiras cognitivas”, explica Kallas. Não conhecer as barreiras de adoção para realizar sua ideia é um sinal grave de que o empresário não está pronto. “A adoção não deve ser só pelo cliente, mas pela equipe. O grande cemitério de derrota de ideias é a própria equipe. Tem que ser bom não só para vender fora, mas dentro de casa”, conclui o professor do Insper.

Outro tipo de barreira diz respeito ao posicionamento da sua empresa no mercado. “Tem outros players com uma proposta e capacidade de execução muito semelhante à sua? Precisa pensar porque o cliente compraria de você e não dele”, diz Simões.

3. O projeto é ótimo, mas precisa de muito capital
Uma boa ideia de negócio precisa também ser projetada para fazer a empresa crescer. É isso o que os especialistas chamam de ideia escalável. “Não basta ter um mercado grande, precisa saber o quão rápido consegue crescer”, explica Simões. Geralmente, uma ideia de negócio é pouco escalável quando o crescimento da empresa está atrelado a um alto investimento em capital ou mão de obra extremamente qualificada. “Se precisa de muita capital para crescer, desacelera o crescimento”, diz o diretor da Endeavor.

4. Ainda não há um modelo de negócio definido
Você já sabe como vai ganhar dinheiro com a sua ideia? Pois o modelo de negócios é parte essencial de um projeto bem sucedido. “Potenciais empreendedores veem todo mundo ganhando com algo e querem entrar também. Não precisa ser a Nasa para construir um negócio que vai dar certo, mas tem que ter certeza que não está fazendo mais do mesmo”, explica Simões.

O modelo de negócioé também a chave para ter sucesso na empresa. O diretor da Endeavor cita o exemplo dos serviços de software na nuvem. “Eles têm o mesmo produto que os concorrentes, mas têm forma diferente de precificar. Ao invés de cobrar um valor enorme para comprar a licença, cobram um valor mensal. Isso se dilui na mensalidade e mais gente fica disposta a comprar”, conta.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Seis habilidades indispensáveis de um bom vendedor

Priscila Zuini
 
Atrair um cliente para a sua loja, convencer um funcionário a adotar uma estratégia, vender uma ideia para o seu investidor. Hoje em dia, os empreendedores precisam de habilidades de vendedores mesmo quando não estão diante de um cliente.

Aquele vendedor “chato” que não deixa o consumidor pensar e fica falando sem parar sobre as qualidades do produto perdeu espaço no mercado. “Mudou muito o que se quer de um vendedor. Antes, era o estilo pitbull, que mordia o cliente e não largava, pressionava e  tentava empurrar o máximo possível para atingir sua cota. Hoje, isso já não funciona”, explica Marcelo Cherto, presidente do grupo Cherto, consultoria especializada em ocupação de mercado.

Para Diego Maia, especialista em vendas, o vendedor precisa querer vender e saber se comunicar. “Não pode ser uma pessoa muito tímida. Comunicar-se bem e ter ideias claras é importante”, conta.

1. Ouvir e entender o cliente
Para um empreendedor se tornar um bom vendedor, é preciso estar pronto, antes de tudo, para entender o cliente e suas necessidades. A melhor forma de fazer isso é ouvindo. “Toda venda virou consultiva. A maior habilidade que um vendedor precisa ter é a capacidade de ler o cliente”, explica Cherto.

Por isso, esteja pronto para ouvir o que o cliente tem a dizer e não saia empurrando o que bem entender. “Conhecer o produto ou o serviço que é vendido é bastante importante. Mas uma habilidade técnica que todos os vendedores devem aprender é criar vínculo com o cliente”, opina Luiz Claudio Gomes, especialista em vendas.

2. Ser um entusiasta
De frente para um investidor, o empreendedor precisa vender uma boa imagem do seu negócio. Nesta hora, mostre-se entusiasmado e envolvido com o projeto. “Vendedor que é inseguro para falar dificilmente consegue convencer alguém”, diz Maia. Mas não adianta fingir estar muito animado com o negócio, precisa provar. “Um bom vendedor deve ser um entusiasta. Seu entusiasmo deve ser natural e diário, automotivador”, explica Gomes.

3. Ser organizado
Tenha sempre em mãos as informações sobre os seus produtos e os números da sua empresa. Faz parte da rotina de um vendedor organizar bem a agenda para ter tempo de atender os clientes de forma adequada e mostrar-se comprometido. “Chegar no horário e ser criativo também fazem parte das habilidades de um bom vendedor”, conta Maia.

4. Encontrar soluções
Cada um compra pelas próprias razões e não pelas vontades do vendedor. É assim que Cherto define uma venda hoje. Encontrar a solução para aquilo que o cliente procura é uma ótima estratégia de vendas. “O vendedor nunca deve olhar para o cliente como um númeroou como uma comissão que vai pagar sua conta de telefone no fim do mês. Ele deve agregar valor ao cliente”, complementa Gomes.

5. Comunicar-se bem
Mais do que falar com entusiasmo, é preciso falar de forma correta. “Falar e escrever corretamente é fundamental”, ensina Maia. Uma habilidade importante é estar apto a falar com clareza, expor as ideias e saber as respostas para o que o cliente perguntar. “É importante o vendedor aprender que ele é um comunicador”, explica Gomes.

6. Saber matemática
Não menos importante do que falar bem português é saber o básico de matemática. É feio ter que correr na calculadora para calcular um pequeno desconto, por exemplo. “Conhecimento básico de matemática é importante”, diz Maia. Fazer relatórios e calcular se os clientes são rentáveis também são habilidades comuns aos bons vendedores.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Como fazer um fluxo de caixa perfeito

Priscila Zuini
A expressão “fechar o caixa” faz parte do vocabulário de quase todo comerciante. Antes de baixar as portas e ir para casa, é preciso conferir tudo que foi pago e recebido e checar com o dinheiro do caixa.

Sendo de comércio ou não, toda pequena empresa deve seguir a mesma premissa e ter o fluxo de caixa como companheiro do final do expediente. “O controle de caixa é o registro das transações financeiras de um negócio”, define Maurício Galhardo, especialista em finanças e sócio-diretor da consultoria Praxis Education.

Aparentemente simples, esta ferramenta é indispensável para quem quer manter as contas em ordem. Uma planilha (veja modelo de Planilha de Fluxo de Caixa fornecido pelo Sebrae/SP) pode ajudar na tarefa cotidiana de checar as contas. “O fluxo de caixa é o melhor instrumento de controle da empresa”, diz Ricardo Curado, consultor financeiro do Sebrae/SP.
Entre saídas e entradas de dinheiro, todo empreendedor precisa saber o que estes números significam. “O diagnóstico que o fluxo de caixa dá é apenas da situação financeira da empresa e não a situação econômica. Não é possível saber se a empresa tem lucro ou prejuízo, por exemplo”, ensina Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM.

Como fazer

Um fluxo de caixa perfeito é aquele que leva dedicação e disciplina dos empresários. O primeiro passo é separar as saídas de dinheiro em pelo menos três categorias: fornecedores, despesas e outras saídas.

Dentro dos pagamentos com despesas, os especialistas sugerem a divisão em outras três categorias. “As despesas podem ser administrativas, como papelaria, correio, telefone, internet e salários, comerciais, onde entram gastos com marketing e comissões de vendedores, e financeiras, como juros, multas e IOF”, explica Gomes. Em “outras saídas”, coloque o que a empresa pagou para amortização de empréstimos, pagamento de tributos e investimentos.

Do outro lado do fluxo, ficam as entradas, que costumam vir principalmente do que a empresa recebe das vendas. “A venda de um ativo ou um novo aporte também devem entrar neste quesito”, afirma o professor da ESPM.

Esta operação deve ser feita diariamente e depois de calcular o valor das entradas menos o das saídas, somando ao saldo inicial, o empresário tem acesso ao saldo final do dia. Este número deve bater com o que há nas contas bancárias. “Se não bater, o que está errado é o fluxo de caixa. O banco nunca erra”, brinca Galhardo.

Atenção: saldo negativo não significa prejuízo. Os especialistas alertam para a diferença entre saldo e lucro ou prejuízo. “A empresa ficou em déficit de caixa. Prejuízo ou lucro é resultado de vendas menos custos e despesas”, diz Gomes.

Por outro lado, se o saldo for negativo com frequência, vale prestar atenção nas movimentações financeiras da empresa. “Normalmente, significa que está saindo mais dinheiro do que entrando. Tem que fazer o demonstrativo de resultados”, ensina Curado.

Fluxo de caixa projetado

Com cada vez mais crédito circulando e mais gente pagando a prazo, as empresas são capazes de fazer projeções com a ajuda do fluxo de caixa. Isto significa que é possível colocar na planilha em qual data – mesmo no futuro – deve entrar ou sair dinheiro. “É como ter a bola de cristal para prever o futuro financeiro do negócio e tomar decisões hoje”, compara Galhardo.

Se você já sabe que daqui 30 dias vai precisar pagar as contas do fornecedor, pode se programar e deixar de gastar ou investir para poupar e não precisar apelar para os bancos. As empresas que praticam o controle do caixa há mais tempo já têm uma curva de caixa e sabem como é o movimento mês a mês, facilitando o planejamento. “O fluxo serve como uma grande bússola financeira para indicar as melhores datas para receber e pagar”, define Gomes.

Esta projeção serve para mostrar se existe um descasamento das operações, ou seja, entre pagar o fornecedor e receber do cliente há um período muito longo e não dá tempo do dinheiro entrar. Para resolver este problema, os especialistas indicam uma boa gestão de estoque, uma negociação maior com os fornecedores e menos prazo para os clientes pagarem.

O fluxo de caixa é uma ferramenta para avaliar a gestão financeira da sua empresa e colocar o dono no comando das finanças. Por isso, a orientação é dedicar um pouco de tempo todos os dias para fazer estas contas. “Não encerre o dia ou vá embora sem fechar o caixa”, ensina Curado.

Para Galhardo, fazer um fluxo de caixa “mais ou menos” gera resultados medíocres e não ajuda na hora de tomar decisões. “Faça o fluxo de caixa de centavos, até contas de papelaria tem que buscar. Se der diferença, entra no detalhe e esgota até saber de onde vem a diferença”, ensina. Segundo ele, esta é a melhor forma de saber se existe algum tipo de desvio ou se os processos estão mal feitos.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Como administrar seu negócio sem estresse

Priscila Zuini
E-mail, família, contas para pagar. Não deve haver um ser neste planeta que escape de uma rotina estressante. Com os empreendedores, as coisas podem ser ainda piores e a administração da pequena empresa pode ser motivo para dor de cabeça.

Mesmo assim, até quem não é expert em gestão e finanças consegue administrar um negócio de forma mais prazerosa. Para Reinaldo Messias, consultor do Sebrae/SP, o estresse é causado pela falta de planejamento. “O empresário se estressa com coisas que poderiam ser evitadas”, diz. Confira a seguir seis dicas para administrar seu negócio de forma mais tranquila e menos dolorosa.

1. Enxergue a realidade
O primeiro passo para uma administração sem estresse é não se enganar. Enxergue seu negócio e o ambiente econômico em que ele está inserido com clareza. “Comece a dar uma olhada e se informar sobre o que está acontecendo no mundo. Alguns indicadores ajudam a entender melhor o seu negócio e a economia”, diz Messias. Conhecendo bem este cenário, estabeleça metas. “Quem não tem meta não sabe para onde vai”, explica. “O ideal é investir em inovação e competitividade e não ficar esperando para ver quanto vai vender no mês”, ressalta.

2. Planeje mesmo
As metas fazem parte de um processo de planejamento. Para o consultor do Sebrae/SP, os empresários devem levar a sério o momento de planejar e usar dados reais. “O planejamento deve ter propósito, processos, pessoas, parcerias e prazer para não ter estresse”, ensina.
Para isso, seja claro e objetivo com os objetivos que quer para sua empresa. Isso inclui manter o foco na oferta de produtos e serviços. “Não venda um produto que não combina com o seu negócio só porque um cliente pediu”, diz Messias.

3. Use capital próprio
Use todo o capital próprio que você tiver para investir no negócio. “Dinheiro lá fora custa caro, ainda mais em tempos de restrição ao crédito”, diz o consultor. Financiar o negócio com o seu dinheiro ou dos sócios pode valer mais a pena do que ficar dependente de instituições financeiras.

4. Controle o estoque
Ter estoque é excelente para não perder vendas. Mas pode ser um problema quando significa perder dinheiro. “Ter estoque é bom, mas quando é alto, ele consome o capital de giro”, explica Messias. Por isso, para gerir o seu negócio de forma mais tranquila, é preciso conhecer bem o que você vende e o que compra. Um estoque controlado e bem organizado evita dor de cabeça na hora de organizar as contas da empresa.

5. Conheça o cliente
A preocupação com as vendas pode ser amenizada com uma equipe de vendedores bem preparada e conhecendo bem quem é o seu público-alvo. “Siga as pegadas do cliente e descubra os desejos que ele tem, os preços que ele espera encontrar, onde é melhor atendido e o que mais o agrada”, diz. Rastrear os hábitos de consum - quem é, o que faz e o que compra - serve para amenizar o estresse de momentos ruins.

6. Seja o líder da sua empresa
Quem não se dedica à empresa integralmente ou não acompanha o dia-a-dia operacional do negócio corre o risco de deixar as decisões para outras pessoas. “Não deixe o funcionário ser mais líder do que o empresário. Lidere o processo e tome as decisões importantes. Para isso, é preciso estar presente mesmo que de forma virtual”, ressalta Messias.

É trabalho do líder também cuidar para que a empresa seja ética. “Cumpra com as obrigações legais, tributárias, trabalhistas e comerciais. Por trás de uma empresa não ética, tem sempre alguém estressado”, afirma.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Como atrair o público jovem para sua empresa?

Priscila Zuini
Os jovens representam o futuro e estão tomando as primeiras decisões de consumo com seu próprio dinheiro. Isso já é motivo para prestar atenção neste público.

Uma pesquisa feita pela ox1824, uma empresa de pesquisa de mercado que se especializou em conhecer o jovem de 18 a 24 anos, mostrou que esse grupo é um centro primário de influência, sendo aspiracional para crianças e adolescente de 10 a 17 anos e inspiracional para adultos de 25 a 40 anos. Eles são, portanto, os verdadeiros “formadores de opinião”.

Os resultados indicam também que mais da metade dos entrevistados sonham com formação profissional e emprego, mas eles dão um novo sentido ao trabalho, procurando conjugá-lo com realização profissional. Para eles, trabalho é felicidade.
Os jovens brasileiros se consideram sonhadores, comunicativos, consumistas, responsáveis, batalhadores, curiosos e criativos. Eles buscam a realização pessoal sem esquecer a coletividade. Eles são plurais, multidisciplinares e engajados em diversas causas. Eles são hiperconectados, mobilizados, otimistas e pragmáticos. Muitos deles são heróis reais e acreditam em sonhos possíveis.
O grande problema de muitas empresas que procuram vender bens e serviços para esses jovens é utilizar uma linguagem do século XX enquanto esse público já tem os dois pés no século XXI. Ainda que sua empresa comercialize um produto muito “sério”, use um tom lúdico e divertido.
Convide esse jovem a participar, dando sugestões para sua empresa. Procure aguçar sua criatividade e incentivar o diálogo. Aceite a diversidade e reconheça a pluralidade do jovem de hoje, que consegue ter vários focos sem que isso tenha um efeito paralisante mas, sim, transformador.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Como saber se o marketing dá retorno para o seu negócio?

Priscila Zuini
Medir o retorno das ações de marketing é essencial. As métricas servem basicamente para avaliar e acompanhar os resultados das ações.


Para que a empreitada dê certo, é importante que as métricas estejam alinhadas com os objetivos e as estratégias da empresa. Muitas empresas acreditam que para medir as ações de marketing é suficiente comprar um software que faça esse trabalho. Esse é um grave erro. O software é o último investimento a ser feito.

Comece implantando um processo para o desenvolvimento de métricas: defina objetivos quantificáveis, selecione métricas relevantes, defina a fonte da informação, o responsável pela coleta e a forma de cálculo da métrica (volume, valor, etc.).
Faça uma planilha comparando o objetivo com o resultado conseguido e o resultado do período anterior (mês ou ano), ressaltando a variância e a evolução dos dados.
As métricas que o próprio dono de uma empresa pequena pode calcular são as seguintes:
- Vendas, custos, lucro, margem de contribuição e geração de caixa. Esses números podem ser calculados por produto, cliente, área geográfica e equipe de vendas.
- Período de payback, retorno sobre o investimento e taxa interna de retorno de projetos como lançamentos de produtos.
- O retorno sobre o investimento de ações promocionais; por exemplo, qual foi o volume incremental após a ação? Se as vendas cresceram, foi possível manter o novo patamar após 3 ou 6 meses?
Há ainda várias métricas para avaliar o resultado de investimento em mídia, mas isso demanda a ajuda de uma agência de propaganda e da compra de pesquisas. Se pretende fazer o trabalho sozinho, recomendo ter disciplina para coletar os dados nas datas estabelecidas e investir tempo e energia na análise dos resultados. O aprendizado resultante do processo pode ser muito lucrativo.

sábado, 7 de maio de 2011

Como conhecer os concorrentes da sua empresa?

Priscila Zuini
A identificação e análise da concorrência é uma das principais atividades do planejamento de marketing. É importante conhecer as forças e fraquezas dos seus concorrentes para estimar suas ações futuras e construir uma vantagem competitiva diante deles.

Ao determinar o posicionamento almejado por sua empresa e o seu público-alvo, analise o mercado e identifique as empresas que oferecem produtos com posicionamentos similares e que tenham produtos substitutos, além das que podem vir a entrar no seu mercado no futuro.

Ao fazer essa análise, identifique o seu grupo estratégico, que é o conjunto de empresas que seguem uma linha de estratégia semelhante. Isso pode te ajudar a fazer um redirecionamento estratégico.
Há quatro estágios na análise da concorrência. O primeiro é avaliar os objetivos atuais e futuros da concorrência. Procure identificar o que eles estão tentando conseguir e quais são as razões para isso.
O segundo passo é analisar as estratégias atuais da concorrência para identificar oportunidades e ameaças decorrentes de suas ações. Pergunte-se quais são seus mercados-alvo, seu foco estratégico, seus produtos, como estão precificados, como são distribuídos e comunicados e como é configurada sua estrutura de marketing.
Em seguida, avalie os recursos da concorrência para estimar sua capacidade. Identifique se o concorrente possui cultura de marketing, se tem ativos e recursos de marketing, se tem recursos de produção e operação e se tem recursos financeiros.
Por fim, é preciso prever estratégias futuras da concorrência por meio da combinação das análises anteriores, inclusive estimando como ela pode reagir às ações da sua empresa.
Para ter sucesso, é interessante ter “bons concorrentes”, que desafiem sua empresa a fazer sempre melhor e a continuar inovando, sejam éticos e ajudem a desenvolver o mercado.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Como fazer um planejamento estratégico

Priscila Zuini
Nas grandes empresas, é quase obrigatório apresentar aos clientes e fornecedores um planejamento estratégico, com informações sobre a missão, os valores, a estratégia e a visão. Em pequenos e médios negócios, esse planejamento também pode ajudar a definir o que pode ser feito para melhorar a empresa.

Em palestra no 2º Curso Exame PME, realizado em São Paulo, nos dias 4 e 5 de abril deste ano, Marcelo Nakagawa, professor da FIA e FGV, voluntário da Endeavor e consultor de empreendedorismo e inovação, disse que os empreendedores não devem deixar esta questão de lado, mas não podem se prender muito a este instrumento. “Muitas empresas não surgiriam se dependessem de um plano formal, já que em negócios muito inovadores o empreendedor não tem informação suficiente para fazer o planejamento”, alertou o especialista.

Segundo Nakagawa, o planejamento estratégico, que define como a empresa quer crescer, não é um documento preciso, exato ou engessado. “Não há certo ou errado na hora de fazer. O empreendedor deve levar em conta aquilo em que acredita”, explica.

Passo-a-passo

Com uma ideia em mente, é hora de analisar o seu projeto para identificar uma oportunidade de crescimento. É importante ter uma estratégia clara e precisa para seguir em frente com o planejamento. “A programação da estratégia inclui codificar, elaborar e converter essas ideias”, diz. Com isso em mãos e o plano de negócios bem feito, fica mais fácil alcançar os objetivos da empresa, segundo o professor.

Para as empresas muito iniciantes, falar de missão ou valores pode ser mais difícil e o empreendedor fica com o óbvio. “Uma lógica que funciona para a maior parte das coisas é a de que se está difícil, provavelmente está errado”, opina. A dica é fazer algo que as pessoas consigam entender e colocar em prática. “Comece escrevendo quais tarefas serão necessárias para colocar em prática as ações que vão te fazer atingir a meta principal”, explica.
Outra sugestão é usar o método do guardanapo. “Desenhe em um pedaço de papel o que a sua empresa faz. Se você não conseguir se fazer entender dessa forma, não adianta partir para um plano de negócios com trinta páginas”, diz.
Um terceiro método consiste em dividir o negócio em nove partes: parceiros, atividades, recursos, proposta de valor, relacionamento com o consumidor, canais, clientes, custos e receitas. “Faça isso levando em conta a situação da sua empresa hoje, daqui 3 e 5 anos. Assim, você consegue visualizar um pouco como o negócio está evoluindo”, sugere.

O momento ideal para elaborar o planejamento é quando a empresa passa a fase startup e o empresário está disposto a ter uma gestão cada vez mais profissional. “O planejamento precisa ser algo gerenciável. Se você não consegue fazer isso, vira blá blá blá”, alerta o professor. Nakagawa destaca ainda a importância de desenvolver um plano de negócios de acordo com o que sua empresa projeta para os próximos anos. “Não existe um modelo de plano de negócios. Ele deve ser escrito de acordo com o seu objetivo”, afirma. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Classe C quer cores, extravagância e fartura

Priscila Zuini


A classe C já reúne 50% da população brasileira e carrega no bolso um terço da renda do país. São 37 milhões de famílias com renda mensal entre 3 e 10 salários mínimos, que respondem por 430 bilhões reais da renda anual da população. Para Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, a classe C não é um segmento, ela é o próprio mercado e muitas empresas já estão aprendendo a vender para ela.

Uma fatia que engorda ainda mais o mercado consumidor da classe C é a mulher. Na classe A, 25% da renda vem da mulher, enquanto na classe C essa participação chega a 41%. Meirelles acredita que a saída da mulher para o mercado de trabalho potencializa o poder de consumo, principalmente em relação aos serviços e produtos de beleza.

A velha história de que a classe C compra pelo preço também é derrubada por Meirelles. "O grande desafio das empresas é oferecer um produto que tenha bom custo-benefício", explica. Para entender melhor onde o que quer este público, o site Exame conversou com Renato Meirelles, que falou ainda sobre a melhor maneira de atingir a classe C.

EXAME - O mercado já conhece o potencial desta nova classe média? 
Renato Meirelles - Se pegarmos um histórico dos últimos 15 anos, estamos no que eu costumo chamar de terceira fase do mercado de baixa renda. Na primeira fase, as empresas ignoravam esse público, pensavam nele como um segmento. Na segunda fase, que foi entre 2000 e 2002, elas começaram a pensar que ele existia e que tinham que olhar melhor para ele. Depois da queda do Lehman Brothers, ficou claro que aquele não era um novo mercado, era o mercado da maioria.  Eles representam 81% dos cartões de crédito e 88% das compras em supermercados. Movimentam 834  bilhões de reais. Não é um segmento, é o verdadeiro mercado brasileiro.

EXAME - O Brasil tem estrutura para atender essa demanda? 
Meirelles - O Brasil vive em 2010 o primeiro ano da melhor década da história, tudo aponta para isso, os números do consumidor e da macroeconomia. Quem souber entender como funciona o consumo dessa nova classe média vai ser uma empresa de sucesso.

EXAME - As pequenas empresas também têm chance com a classe C?
Meirelles - Sim, isso abre uma enorme chance para os empreendedores. Elas tem um grande diferencial competitivo, que é estar perto desse público. Elas conhecem os consumidores, têm barriga no balcão e isso traz uma experiência real, do dia a dia mesmo. O outro lado positivo é que com a economia crescendo cada vez mais o potencial empreendedor tem ainda mais oportunidades. 
EXAME - As empresas já estão de olho nisso? 
Meirelles - A gente tem observado que elas estão no gerúndio, ainda no processo de estar indo melhorar, estar indo conhecer. Os pequenos tem isso mais claro. O mercado mudou, ele é mais sensível a esse tipo de demanda. Percebemos que o varejo entendeu a classe C primeiro, a indústria veio atrás e os bancos só agora estão prestando atenção.

EXAME -  Quais os principais setores que podem ganhar com o crescimento desse mercado consumidor? 
Meirelles - Diria que, principalmente, a indústria de serviços de beleza, por uma saída maior da mulher no mercado de trabalho que exige que ela cuide mais de aparência. Tecnologia e informática, como venda de computadores, cursos e manutenção, e o setor ligado à educação, como o de cursos profissionalizantes também têm destaque. Isso potencializa o pequeno empreendedor que quer abrir uma franquia de informática, por exemplo. Na classe C, o dinheiro que usam nesse tipo de coisa não é visto como gasto, mas como investimento. Quando ela gasta com isso, entende que está gastando para melhorar a qualidade de vida. 

EXAME -  Para atender a essa demanda, as empresas devem ter projetos específicos? 
Meirelles - Elas precisam entender se o portfólio de produtos dialoga ou não com o consumidor. Se você quer vender para todos, mire na classe C. É a verdadeira classe média brasileira. Se você puder vender para esse público, pode atender as classes A, B, D e E. A classe C se sente excluída se você falar só com a classe A e B, por exemplo. E tem mais, essa história de produto vagabundo e baratinho já não atrai esse público. O grande desafio das empresas é oferecer um produto que tenha bom custo-benefício. A baixa renda não compra mais só pelo preço. 

EXAME -  Existe uma maneira correta de se comunicar com a nova classe média?
Meirelles - Ele quer ter uma linguagem própria. Se for tratado como a classe A e B ele vai sentir um certo estranhamento. Ele gosta de uma comunicação mais colorida, por que as referências culturais e os padrões estéticos são outros. É alegre, é colorido, é extravagante, é farto. Diferente dos tons pasteis que a classe A gosta tanto. 

Vale lembrar que esse público é mais fiel às marcas do que nas outras classes sociais, já que o custo do erro é muito maior. Na hora de precificar, por exemplo, a linguagem direta funciona muito melhor. Se custa 100 reais e tem 30% de desconto, é melhor falar que de 100 sai por 70. Ele prefere um relacionamento pessoal, aquele do varejo tradicional e não o autoserviço. Quem tem um atendimento assistido, em que o vendedor oferece e mostra o produto, tende a ganhar vantagem.

domingo, 1 de agosto de 2010

Você cuida bem das suas vendas?

Priscila Zuini
Para vender com mais rentabilidade, não basta oferecer ao cliente o que ele quer. "É preciso superar as expectativas. Ser melhor, mais rápido", diz Marcus Souza, professor de negociação estratégica do MBA executivo do Insper. Segundo ele, com o passar do tempo os consumidores estão cada vez mais exigentes, buscando serviços e produtos mais personalizados e bem feitos. Este tipo de consumo impulsiona um movimento ainda maior, que é a criação de nichos e a personalização. "No Brasil, ainda há um déficit de produtos e serviços para alguns setores muito segmentados como a terceira idade" explica. 


O professor ensinou, em sua palestra no Curso Exame PME, que quem quer melhorar suas vendas precisa ter o "cliente como um rei". "Ele determina as ações da empresa. Não conhecer o cliente é um risco de investir errado", disse. Saber usar a criatividade da sua equipe e inovar os serviços ou produtos oferecidos são boas maneiras para aumentar a rentabilidade.

É fato que sem uma equipe de vendas bem qualificada não dá para aumentar a lucratividade. De acordo com Renato Antonio Romeo, sócio-diretor da SaleSolution Desenvolvimento de Vendas, investir nesta equipe pode melhorar em até três vezes seu desempenho. Os vendedores de alta performance devem servir de exemplo para os outros. O mapa do caminho, de acordo com Romeo, é fazer o cliente se sentir alinhado com o vendedor. "Comece fazendo perguntas. Não vá direto ao ponto. O cliente quer ser compreendido, por isso, não adianta falar demais, jogar todas as informações de uma vez", conta.

Para quem pretende encarar as grandes redes, a caso da Sina mostra como as pequenas empresas tem potencial para ser fornecedor destas empresas. Do ramo de cosméticos e com apenas quatro anos de vida, a Sina já possui uma linha exclusivo vendida no Polishop. Para Amália Sina, dona da empresa, seu passado como executiva de grandes empresas, como a Philip Morris e a Walita, foram importantes mas não essenciais para impulsionar seu negócio próprio. "É preciso mostrar para o grande empresário como ele pode ganhar dinheiro com o que você oferece. Não é para ir pensando apenas em si próprio", ensina.

"Prepare-se para falar com o grande empresário e mostrar uma idéia concreta. Não diga que vai fazer. Mostre o que já fez", conta Amália. Mostrar e explicar o mercado e o produto que está oferecendo é uma forma de dar um panorama e os motivos para a grande rede fazer um investimento.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Empreender está nos genes, diz pesquisador

Priscila Zuini
Em Born Entrepreneurs, Born Leaders: How Your Genes Affect Your Work Life (Empreendedores natos, Líderes natos: Como seus Genes Afetam sua Vida Profissional, numa tradução livre), Scott Shane defende a teoria de que quase tudo no nosso trabalho, desde a escolha da profissão até suas condutas, podem ser influenciados pela genética. Ele explica que o livro começou da ideia de analisar a base genética do empreendedorismo, mas que alargou o tema e resolveu mostrar os efeitos da genética na vida profissional como um todo.
 
"A idéia não é explicar a genética, mas negócios", diz. Antes de começar a escrever, Shane fez um blog com algumas notas sobre o assunto e percebeu que as pessoas acessavam e comentavam mais do que o normal. Ele diz que não sabe porque tanto interesse do público por empreendedorismo, mas vê nisso um estímulo para dar continuidade as suas pesquisas. 

A publicação explica que os genes que compõem o nosso corpo afetam a escolha de uma profissão, alguém com genes que provocam problemas de visão não poderia ser um piloto da Aeronáutica, e mais: a performance no trabalho, os valores, a carreira, a satisfação profissional.

O objetivo do livro é condensar uma vasta gama de pesquisas em genética e diferentes aspectos da vida profissional, revelar as implicações que isso provoca e discutir ainda como a genética influencia no comportamento profissional das pessoas. Em entrevista exclusiva ao site Exame, Shane fala sobre seu estudo que relaciona genética e empreendedorismo e como tirar o máximo deste campo.

EXAME - É preciso que haja um sinal na infância para descobrir a predisposição genética para ser um empreendedor?
Scott Shane - Durante a infância ainda não podemos saber. A maior parte dos estudos tem sido feita com gêmeos ou crianças adotadas, indicando que há um efeito genético quando comparamos gêmeos idênticos ou não ou crianças adotadas com seus pais biológicos e adotivos. Os pesquisadores estão tentando identificar, primeiramente, genes específicos associados com a tendência de ser um empreendedor na idade adulta. Portanto, não é possível fazer algo para descobrir se esta predisposição existe, por enquanto.

EXAME - Na sua opinião, quais as principais características de um pequeno empresário?
Shane - Esta é uma questão muito mais difícil do que se imagina. São muitos empresários com diversas diferenças entre eles. É impossível identificar um conjunto de características que claramente identifiquem e diferenciem os empresários das outras pessoas.

EXAME - É possível aprender a ser um empreendedor? Como?
Shane - Com certeza. Empreendedorismo é como quase tudo que as pessoas fazem. Mesmo quem é melhor em algo desde que nasceu precisa aprender e praticar. Pegue o futebol como exemplo. A maioria sabe que ninguém, não importa o quanto se esforce em treinar, conseguirá ter um time como a seleção brasileira. Mas todos os membros do time, mesmo aqueles que tem o dom de jogar, precisam praticar. E em algum ponto precisam aprender o jogo. Eles não nascem conhecendo as regras. Empreendedorismo é a mesma coisa. Ninguém nasce sabendo o que é capital de risco ou como fazer um plano de negócios. Você precisa aprender essas coisas.

EXAME - Quais as chances de uma pessoa que não tem uma predisposição genética para ser empreendedor se tornar um grande empresário?
Shane - São bem altas. Primeiro, porque a maior parte das evidências que temos sobre genética e empreendedorismo é sobre a preferência das pessoas de ser um empreendedor e não sobre a uma boa performance na área. Em segundo lugar, predisposições genéticas não mudam radicalmente as probabilidades de ser um empreendedor. Isto é parecido com a maior parte das coisas sobre o assunto. Ter dinheiro aumenta as chances de ser um empresário, mas não muito. Perder o emprego também torna isto mais provável, mas nem tanto. Estamos falando de um grande número de coisas em que cada uma tem um pequeno efeito. Outro ponto tem a ver com o fato de que podemos ter pessoas que respondem a diferentes estímulos para serem empreendedoras. Tudo isso indica que genética importa e que precisamos entender como ela funciona. Por fim, as pessoas podem tomar atitudes que superem suas predisposições. Eu posso ter uma tendência genética para ser gordo. Mas isso não significa que eu tenha que ser. Se seguir uma alimentação saudável e fizer exercícios físicos, a chance diminui.

EXAME - Você diz em seu livro que uma parte do empreendedorismo é genética. Quais outros fatores influenciam a formação de um empreendedor?
Shane - Muitas, muitas coisas. As pesquisas mostram que educação, idade, gênero, raça, renda, empregabilidade, ramo em que atua e um conjunto de outros fatores influenciam se uma pessoa irá ou não começar um negócio.

EXAME - Você afirma que o mercado de negócios ignora a genética. Por que isso ocorre?
Shane - Por muitas razões. Primeiro, as pessoas não pensam genética de uma forma elaborada. Elas pensam que tudo que envolve o assunto dispensa o aprendizado ou a escolha feita por cada um. Isso é errado, porque a genética só é responsável por uma parte do comportamento, os fatores ambientais importam mais. A genética interage com o meio de ambiente de formas muito mais complexas. Um estudo que estamos desenvolvendo pode servir de exemplo. Sabemos que os empreendedores tem mais chances de serem disléxicos do que a população em geral. Sabemos também que eles são mais educados do que a população em geral. Finalmente, temos conhecimento de que os disléxicos acham a educação formal mais difícil. Esses padrões são inconsistentes. Estamos estudando em que ponto a educação interfere nesta relação.
Este tipo de padrão sugere que algumas pessoas são geneticamente predispostas a viraram empreendedores em resposta a alguns estímulos, enquanto outras também tem esta tendência em resposta a diferentes estímulos. Esta é uma visão muito mais sofisticada de como a genética importa. Mas ela não funciona tão bem no mercado de publicações sobre negócios que querem argumentos do tipo: "faço isso e transforme-se no próximo Bill Gates".