terça-feira, 13 de março de 2012

Marcas apostam no relacionamento com a Classe A

Letícia Alasse
 
O mercado tem voltado as atenções para a entrada de 30 milhões de consumidores na classe C nos últimos anos. Mas empresas como Mercedes-Benz, Bodytech, Pão de Açúcar e Kopenhagen estão de olho na significativa ascensão de quase sete milhões de brasileiros nas camadas A e B no mesmo período, o que aumentou para 20 milhões o número de pessoas da elite no Brasil, segundo estudo da FGV-Rio, em 2011.

Para atender esta crescente demanda, as marcas investem em relacionamento e ofertas de serviços diferenciados para conquistar e reter os clientes do topo da pirâmide, que representam 55% do consumo do país.

Apesar de abranger apenas 10% da população brasileira, de acordo com levantamento do IPC Editora e Fecomercio, os consumidores da classe AB gastam tanto quanto os 90% restantes da população. Com veículos, por exemplo, a classe AB investiu em 2011 R$ 5,7 bilhões, enquanto o restante da população designou R$ 5,9 bilhões para a categoria. A projeção é que este grupo continue crescendo e atinja 31 milhões de pessoas em 2014, 50% a mais do que atualmente.

Dispostos a pagar mais por recursos sofisticados e personalizados, as empresas criam produtos e serviços premium para agradar os clientes e, ao mesmo tempo, lucrar com a oferta.

“Quando uma mulher do grupo social AB entra no salão de beleza, ela leva em consideração a música ambiente e a decoração, além do corte do cabelo. Está acontecendo uma mudança no mercado em que os serviços começam a fazer parte do produto para atender as expectativas desse cliente. Podemos observar este fenômeno desde o mais básico, como uma garantia e diferentes canais de venda, até atividades que fogem da proposta do produto original”, comenta Mônica Sabino, Professora da Business School São Paulo, da Universidade Anhembi Morumbi.

Poder de consumo

Um estudo realizado pelo Pyxis, do Ibope Inteligência, em 2011, aponta que 40% dos consumidores A e B são mais atentos às marcas, apresentando uma forte ligação com o status que elas oferecem a quem as consome. De acordo com esta afirmação do mercado, as empresas procuram investir no relacionamento com os clientes para que se tornem fãs da marca. A Mercedes-Benz trabalha esse conceito diferenciando o tipo de abordagem com os antigos clientes e com o novo público emergente.

A montadora de automóveis de luxo já possui uma base de clientes, que mantém realizando eventos e promovendo novas experiências. “Trabalhamos com dois públicos o tempo todo. O primeiro é o de nicho, a classe A, para qual nos realizamos eventos menores com o objetivo de gerar um boca-a-boca e experiência. Levamos nossos clientes para pista e trazemos um instrutor da Alemanha, que mostra todas as utilidades e o desempenho máximo dos nossos veículos”, diz Arthur Wong, gerente de marketing de automóveis da Mercedes-Benz do Brasil.

Para atrair a atenção do público que está entrando na elite do país, a Mercedes-Benz trabalha com os conceitos de paixão, tecnologia e acessibilidades. A empresa promove ações para mostrar que os seus veículos podem ser adquiridos por pessoas da classe A e B com auxílio de financiamentos. A montadora possui carros que variam de R$ 99.900,00, o B 180 Family Plus, até R$ 892.116,00, o SLS 63 AMG Roadster.

“Com o objetivo de se aproximar de um consumidor mais jovem, que está construindo uma família, fizemos um festival show room da Mercedes-Benz em 10 cidades, onde não temos concessionária e levamos mais 12 automóveis para os visitantes fazerem um test-drive. O evento é muito importante para divulgar nosso portfólio em mercados em que ainda não temos presença”, completa Wong.

Investimento em relacionamento

Os brasileiros que têm uma renda familiar superior a R$ 6.941,00 já são considerados da classe B e os que ganham acima de R$ 9.050,00 da classe A, segundo dados da FGV-Rio, com valores de 2010. Como este orçamento, a população nessas camadas é responsável por um consumo anual equivalente a R$ 930 bilhões em produtos e serviços. Apostando em eventos e infraestrutura, a Bodytech pretende atrair novos consumidores deste grupo social e atender às suas necessidades.

A academia possui 29 unidades espalhadas por oito estados brasileiros e os pontos são equipados com área de lazer, como parque aquático, quadras poliespotivas, centros de ginástica olímpica, salas de luta e dança, além de hidromassagem, saunas e ofurôs. Além de todos os recursos presentes nas academias, a Bodytech se esforça em sempre trazer novas atividades, este ano foram apresentados o pilates allegro e a zumba fitness.

“Os clientes da classe A e B querem contar com uma estrutura diferente, como estacionamento, piscina e, principalmente, uma mix maior de produtos. Toda a nossa estratégia é focada em bem estar e estilo de vida, tudo que criamos é para entregar este posicionamento a eles. Também somos totalmente voltados para o relacionamento, fazendo com que cada um dos clientes se sinta mais único, desde o atendimento na recepção até a forma como a marca se comunica”, declara Flávia da Justa, diretora de marketing da Bodytech.

Ofertas de serviços

Uma das principais atribuições das marcas a este grupo social é o alto nível de expectativas e desejo por coisas novas e sofisticadas. Para corresponder a estes anseios as empresas utilizam de diferentes tipos de serviços, a rede de academias, por exemplo, lançou no ano passado a revista BB Experience, enviada para casa dos alunos com o objetivo de provocar uma experiência também fora dos seus domínios.

As empresas voltadas para a elite brasileira investem também na diferenciação de serviços, o que as fazem serem mais interessantes aos olhos do consumidor do que as outras. Para se destacar no mercado, a Kopenhagen se posiciona como uma loja de presentes e busca se distanciar de outras marcas de chocolate. No último Natal, com o objetivo de manter este posicionamento diferenciado, a empresa decidiu dar de prêmio para um dos seus consumidores uma franquia da marca.

O setor de cinema também tem investido nos consumidores que preferem pagar mais por um serviço de melhor qualidade. O Cinemark, UCI e Kinoplex lançaram salas de luxo que apresentam poltronas em couro, assentos maiores e bombonière com cardápio diferenciado a preços que chegam até R$ 55,00 por sessão.

O Pão de Açúcar também foca em ações para oferecer conforto e informação aos consumidores nos pontos de venda. No ano passado, a varejista inseriu um atendente especialista em queijo em 71 unidades do Grupo, a iniciativa, que promove degustação e dicas de combinações, trouxe um aumento substancial de vendas para a categoria, mas a empresa não revela o quanto.

“Agregar serviços em produtos mais básicos faz uma grande diferença para o público A e B, que sempre procuram informações e conhecimento sobre os produtos nas nossas lojas. Por isso, fazemos questão de ter o serviço dentro do ponto de venda e especialista em cada setor, como açougue, peixeiro, padaria e doceria”, ressalta Flávia Oliveira Fernandes, gerente de marketing do Pão de Açúcar.

Oferecer comodidade

A rede de supermercados também lançou em 2010 o serviço Personal Shop em sua loja premium no Shopping Iguatemi, em São Paulo, e planeja expandir para mais duas regiões este ano. Com a tecnologia, os consumidores passam o código de barras dos produtos desejados e escolhe se quer levar no momento ou receber em casa. O serviço oferece mais comodidade e praticidade, assim como, o Pão de Açúcar Delivery em plataformas mobile.

A classe A e B já prefere realizar as suas compras do mês pelo iPad e iPhone, o serviço de entregar da rede foi utilizado mais de um milhão de vezes, desde o lançamento no ano passado até o início desse ano. “É importante ressaltar a oferta de serviços e a variação de atividades para que os clientes sempre queiram voltar. As marcas com foco neste público precisam ser mais pró-ativas e oferecer serviços diferenciados, promover eventos e um atendimento especializado”, declara Flávia da Justa, diretora de marketing da Bodytech.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Quatro competências para um bom atendimento

Débora Martins
Imagine só. No século passado as empresas faziam verdadeiro malabarismo para encontrar pessoas capazes de atender a um simples telefonema. Entretanto, se observarmos bem o século passado terminou em 31 de dezembro de 2000. Então...

Aqui, vemos que o problema continua, não é mesmo?

As questões que envolvem a melhoria na qualidade no atendimento nas empresas brasileiras são bastante abrangentes. Entretanto, refere-se principalmente a competências individuais. Nelas estão todos os atributos, requisitos e fatores que podem ser incluídos no conceito mais amplo de qualidade no atendimento.

Vamos começar por quatro competências básicas:

Técnicas - são de domínio de especialistas. Exemplo: saber como dirigir uma chamada/atendimento conforme o tipo de solicitação. Ter a capacidade de conduzir uma conversa obedecendo à regras/etapas, fazendo uso de cortesia e empatia como o objetivo de levar o cliente a um entendimento/satisfação;

Intelectuais - relacionadas com aplicação de aptidões mentais. Exemplos: ter presença de espírito; ter capacidade de percepção e discernimento das situações. Ou seja, inteligência emocional. Capacidade de separar o lado pessoal de profissional;

Cognitivas - competência que é um nicho de capacidade intelectual com domínio de conhecimento. Exemplos: saber lidar com conceitos e teorias; saber generalizações; saber aplicar terminologia e elaborar classificações. Compreender e se fazer entender;

Relacionais - que envolvem habilidades práticas de relações e interações. Exemplos: saber se relacionar em diversos níveis; saber interagir com diferentes áreas e, sobretudo estar aberto para receber feedback.

Pense nestas quatro competências como um poderoso instrumento de identificação do profissional de atendimento que será incorporado a um sistema maior de gestão de qualidade. O profissional de atendimento deve ser um especialista, sobretudo na gestão dos relacionamentos.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Cinco estratégias para ser mais criativo no trabalho

Talita Abrantes 
Para acompanhar a complexidade e o ritmo alucinante do mercado atual, o conceito de inovação virou palavra de ordem dentro de qualquer empresa. Neste contexto, independente da área de atuação, sempre ganha pontos o profissional que der espaço para a criatividade em cada uma de suas tarefas.

E isso não está restrito apenas ao desenvolvimento de novos produtos ou a elaboração de campanhas de marketing bem sucedidas. De uma abordagem diferente para a solução de um problema a uma estratégia diferenciada contam para a carreira.

Mas como se manter criativo o tempo todo? Especialistas consultados por EXAME.com ensinam algumas estratégias básicas para tirar a rotina (e a visão de mundo) de dentro da caixa:

1. Abrir espaço para o absurdo
Primeira regra para matar uma boa ideia? Sufocar todo pensamento absurdo que passar por sua cabeça. Isso mesmo. De acordo com Gisela Kassoy, especialista em criatividade, a base para sair fora da caixa está em deixar o que é inverossímil tomar corpo até chegar a uma proposta palpável para a sua realidade.

“Antes de recusar uma ideia, pergunte-se: por que não?”, afirma. “Se a ideia for realmente bobagem, a pessoa pode modificar a proposta louca até transformá-la em algo viável”.

2. Tirar as algemas do pensamento
Um caminho para a “serendipitade” (tradução do neologismo "serendipity", que significa descobertas feitas por acaso) ou para, digamos, “epifanias” que podem mudar o curso de uma carreira é dar vazão para o pensamento livre, fluído.

“Esse é o tipo de pensamento que aparece quando você está tomando cerveja, correndo ou tomando banho”, diz a especialista. Ou seja, exatamente quando você está fora do foco do problema ou do contexto do trabalho.

Por isso, uma dica é: quando as ideias não fluírem, desligue-se do assunto. “A hipótese é de que ao tirar o foco do problema, você permite que o assunto saia do aspecto racional e seja interpretado com outra dimensão pelo seu cérebro”, diz o consultor Eduardo Ferraz.

Não por acaso, Ferraz adota uma postura de prevenção:não sai para uma corrida sem levar o iPhone. Se pintar uma ideia durante o trajeto, ele logo aciona o gravador do celular e salva o que veio à mente.

3. Expor-se às novidades
Não se restrinja aos mesmos ambientes e modos de pensar. Não custa tanto assim sair da caixa. Uma espiada no que empresas de outros segmentos (bastante diferentes do seu) estão experimentando pode trazer recursos valiosíssimos para o seu próprio contexto. “Procure soluções em outras áreas. Ao fazer esse elo, você vê o problema sob outro ângulo”, diz Ferraz.

Ainda nessa toada, vale também convidar pessoas novas para as reuniões. “Quando um grupo trabalha juntos por muito tempo, fazendo sempre a mesma coisa, acabam com um pensamento muito parecido. Por isso, é bom aceitar gente nova. Isso chacoalha”, diz a Gisela.

No dia-a-dia, a dica é abrir-se para o novo. Invista em relacionamentos com pessoas que não trabalham na mesma área que você, leia livros e revistas que têm pouca relação com seu trabalho, assista filmes e ouça músicas de estilos que nunca viu. Em suma: estimule-se a desbravar o mundo para além daquilo que a sua vista alcança – por enquanto.

4. Pratique brainstorm
O termo até foi banalizado. Mas, de acordo com os especialistas, se feito da maneira certa, rende bons resultados. A estratégia é simples. Chame um grupo de pessoas, descreva o problema em questão com apenas uma palavra. Peça para cada membro do grupo dizer palavras relacionadas (ou não) com o termo em questão.

“Eles irão falar coisas absurdas numa primeira rodada. Mas uma palavra será ponte para outra e, na terceira ou quarta rodada, você enxergará o problema por outro ângulo”, diz o Ferraz.

5. Durma
Pesquisas da Universidade da Califórnia (EUA) apontam que a fase REM, quando acontecem os sonhos durante os sonos, estimula a criatividade mais do que outro período do sono ou quando você está acordado.

Durante os estudos, as pessoas que chegaram a essa fase do sono, tiveram um rendimento 40% melhor em testes de criatividade após o sono do que antes do período.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Anote aí 69: Venda; Estudar; Callcenter; Clique; Classe

GHIURGHI, Flavia. Os segredos da venda assertiva Saiba o que está por trás desse processo e da conseqüente satisfação do cliente. Gestão & Negócios, nº 33, pp. 40-49.

TAUHATA, Sergio. Empresário precisa estudar? Sentar nos bancos da escola ajuda ou atrapalha quem tem ímpeto empreendedor? Para responder essa pergunta, entrevistamos especialistas em todo o mundo e demos a palavra a 50 dos mais bem-sucedidos homens de negócios do país. Nas próximas páginas, você vai descobrir as respostas e também como cada um deles aprendeu – de verdade – a fazer negócios. Pequenas Empresas Grandes Negócios, nº 270, julho de 2011, pp. 48-60.

HOPKINS, Michael S.. Como a matemática mudou o callcenter Nesta entrevista, Cameron Hurst conta como a Assurant Solutions recorreu ao trabalho de matemáticos para encontrar a melhor combinação possível entre potenciais clientes e vendedores e quase triplicou a taxa de sucesso do telemarketing. HSM Management, ano 15, volume 4, nº 87, julho/agosto de 2011, pp. 128-132.

BOTTONI, Fernanda. Compras a um clique Sites e comércio eletrônico estão cada vez mais sofisticados, embora para o usuário comum, pareçam cada vez mais simples. Próxxima, nº 30, julho de 2011, pp. 52-55.

DANTAS, Fernando. Nova classe média tem mais jovens e empregos formais Comparado à população total, grupo do meio também se destaca na indústria e no comércio, e já é mais da metade dos brasileiros. O Estado de S. Paulo, 31 de julho de 2011, Caderno Economia, p. B13.   

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A entrevista de emprego começa nas mídias sociais

Martha Gabriel
Com a disseminação das redes sociais, cada vez mais as pessoas compartilham suas informações em ambientes online. As empresas, por sua vez, têm adotado como prática cada vez mais frequente a consulta aos perfis dos candidatos como parte do processo seletivo de contratação; e a entrevista de emprego começa nas mídias sociais.


Portanto, os profissionais devem cada vez mais prestar atenção às informações que postam online, fazendo com que a sua atuação não seja um obstáculo profissional, mas sim um recurso estratégico para suas carreiras.


Os principais problemas do uso de redes sociais estão associados à divulgação de informações ou manifestação de opiniões: exposição da privacidade, comprometimento da imagem profissional e declarações sujeitas a processos legais. Assim, deve-se ter no comportamento online os mesmos cuidados e ética que se tem no comportamento offline, adotando a premissa: não faça ou fale nas mídias sociais o que não faria ou falaria na rua.


As principais plataformas sociais monitoradas pelas empresas em busca de candidatos são o LinkedIn e o Facebook. No entanto, as empresas estendem a sua pesquisa para o ambiente digital como um todo. 


Faça um teste: digite seu nome no Google ou seu e-mail no spokeo.com e veja o resultado; os seus rastros digitais são transformados em um dossiê que revela muito sobre você. 


Da mesma forma que existem riscos, existe também inúmeras oportunidades na divulgação de informações nas mídias sociais. Por exemplo, se você é especialista em uma área específica, poderá usar os seus perfis em mídias sociais para se tornar referência nessa área por meio da divulgação de informações e dicas. As possibilidades de alcançar um número grande de pessoas interessadas no assunto são muito maiores do que offline. 


Manter um perfil atualizado e bem construído no LinkedIn, publicar vídeos e apresentações no Youtube e Slideshare também pode ser bastante útil.  Empresas procuram colaboradores e parceiros no LinkedIn e o seu conteúdo online nas demais redes pode reforçar a sua expertise.


Portanto, as mídias sociais podem se tornar aliadas ou inimigas da sua carreira profissional. O modo como você lida com elas é que fará toda a diferença.