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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Expansão da renda altera a pirâmide social e tende a extinguir a classe E

Naiana Oscar

Artêmio Cruz, 29 anos, e Antônia Joelma, 24 anos, não têm carro, nem casa própria. Usam três celulares para aproveitar as promoções das operadoras e estão programando para este ano a primeira viagem de avião. Ele é vigilante e ela, auxiliar de limpeza. A renda dos dois ainda não chegou a R$ 1,5 mil. "Mas é questão de tempo", diz Cruz. Pronto para começar um curso de mecânico, ele está entre os 64% da população da classe D que espera melhorar de vida neste ano.
Se tudo correr como planejado e os dois continuarem empregados, em breve o casal, que vive em São Paulo, deve integrar o que se convencionou chamar de "nova classe média". Em 2014, quando o Brasil estiver às voltas com a Copa do Mundo e o governo de Dilma Rousseff chegando ao fim, praticamente três em cada cinco brasileiros pertencerão à classe C - Cruz e Antônia estão batalhando para entrar nesse grupo que chegará a 115 milhões de habitantes ou três vezes a população da Argentina.
Embora falar da nova classe média tenha virado moda no Brasil nos últimos anos, ainda há divergências sobre quem faz parte dela. Não há definição oficial. A Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (Abep), por exemplo, adota o Critério Brasil, baseado nas posses e no grau de instrução das famílias. Boa parte dos levantamentos, no entanto, leva em conta apenas a renda familiar. Uma das classificações considera classe C famílias com ganhos mensais de quatro a dez salários mínimos. Em 2010, esse grupo passou a representar metade da população brasileira e continuará ganhando espaço.
Fazer projeções não é tarefa fácil: câmbio, inflação e crises mundiais mudam da noite para o dia o rumo da economia de um país. "Mas é possível ensaiar uma análise olhando pelo retrovisor", diz o professor Waldir Quadros, da Unicamp. A tendência, segundo ele, é que as transformações da pirâmide social brasileira registradas entre 2004 e 2009 se reproduzam nos próximos anos: classe A estagnada, classe B em crescimento moderado, explosão da classe C e uma redução ainda maior da base da pirâmide.
É o que mostra também um levantamento feito pela consultoria Data Popular a pedido do Estado. "A classe C será maioria absoluta e a E deve entrar em extinção", diz Renato Meirelles, diretor da consultoria. "Já ficou claro até aqui que as empresas que ignorarem a nova classe média não sobreviverão."
Consumo. Um número "mágico" ajuda a entender o que Renato Meirelles quer dizer com isso: a classe C movimenta cerca de R$ 881,2 bilhões por ano, com salário, benefícios e crédito. Não é qualquer produto ou empresa que consegue abocanhar esse dinheiro, porque a nova classe média tem um jeito próprio de consumir. "Eles estão experimentando alguns produtos e serviços pela primeira vez."
Cristiane de Souza, 33 anos e Alex Ferreira, 36 anos, atingiram há tão pouco tempo esse padrão de consumo e ainda estranham ser chamados de "classe média". "Isso é muito chique", diz a dona de casa, cutucando o marido, no corredor do supermercado. Seis anos atrás, eles moravam com o pai dela, porque os R$ 400 que recebiam na época não eram suficientes para bancar um aluguel. "Fazíamos compra com calculadora: não podíamos gastar nem um centavo a mais", lembra Cristiane, mãe de uma menina de 11 anos e de um menino de 7 anos.
O carrinho de compras não é mais refém da calculadora desde que Alex deixou o emprego de metalúrgico e voltou a trabalhar na fábrica de vidros onde, ainda adolescente, aprendeu seu primeiro ofício: o de vidraceiro. Como a atividade remunera bem, o salário dele foi multiplicado por nove.
De lá para cá, o casal quitou as dívidas, mudou para um imóvel alugado, comprou um carro zero, trocou móveis e eletrodomésticos e se concedeu alguns "luxos": ela vai ao salão de beleza duas vezes no mês e ele agora só compra tênis originais. A mais nova conquista é a casa própria. O imóvel será entregue em outubro. "Não sei se somos classe média, mas, perto do que tínhamos, estamos ricos", diz Cristiane.
Migração sustentável. Um dos primeiros a falar do novo perfil da classe C nessa década, o pesquisador Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, afirma que essa foi uma mudança que veio para ficar.
"Não estamos falando de uma bolha de consumo. É um processo sustentável, diz Neri." Segundo ele, a ascensão das classes sociais no País é explicada apenas em parte por programas de transferência de renda, como o Bolsa-Família. A educação e o trabalho formal, afirma Neri, são os grandes protagonistas da reestruturação da pirâmide. "É o que garante que a evolução vai continuar acontecendo."
Entre 2003 e 2009, a renda individual do brasileiro cresceu 3,8% ao ano. O crescimento foi duas vezes maior entre os mais pobres. No mesmo período, eles conseguiram aumentar os anos de estudo em 5,19%, enquanto esse índice entre os mais ricos ficou abaixo de 1%. Ao mesmo tempo, as horas de trabalho dos integrantes das classes C e D diminuíram. Resumindo: os brasileiros da base da pirâmide passaram a ganhar mais e não é porque a carga horária de trabalho está maior, mas porque estão mais qualificados.
Nos próximos anos, além de continuar acompanhando a migração de uma faixa social para outra, o Brasil verá uma ascensão dentro da própria classe C - dos níveis mais baixos para o topo da renda. "Basta termos controle de inflação, redução de gastos públicos e da taxa de juros", diz Cláudio Felisoni, coordenador do Provar-USP.
Ele alerta, no entanto, que toda a euforia em torno da nova classe média não significa que o País tenha superado os níveis de desigualdade. "Continuamos longe do ideal." No Brasil, os 10% mais pobres se apropriam de 1,1% da renda total gerada, enquanto os 10% mais ricos absorvem 43% dessa mesma renda, segundo o Banco Mundial. No Canadá, essa proporção é de 2,6% e 24,8%, respectivamente.  

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Anote aí 35: Atendimento; Demografia; Terceira Idade; Tempo; Classe C

BOTTONI, Fernanda. Seu contato é muito importante para nós Quem quer atender bem seus clientes via e-mail, chat ou redes sociais deve se preparar para uma corrida contra o tempo em nome da eficiência e da personalização. Próxxima, nº 24, novembro/dezembro de 2010, pp. 46-53.


CANZIAN, Fernando. Brasil 2010 envelhece e se desconcentra Resultado do Censo impõe mudanças profundas em planejamento e equipamento urbano de pequenas e médias cidades. Folha de S. Paulo, 05 de dezembro de 2010, Caderno Cotidiano, p. C10. 


IBOPE/M&M. A melhor idade A faixa etária entre 65 e 75 anos já representa 6,5% da população e ganha importância no mercado de consumo. Meio & Mensagem, ano XXXII, n.º 1438, 06 de dezembro de 2010, p. 50.


URBIM, Emiliano. Mercado do tempo Tempo não é dinheiro: bem ou mal investido, ele sempre vai acabar. Aprenda a lidar com este bem perecível e precioso. Para controlá-lo, é preciso entendê-lo. Superinteressante, n.º 285, dezembro de 2010, pp. 64-73.


PEREIRA, Janaina. Brilha um novo consumidor – Quer vender mais para a classe C? Aposte na sofisticação. Na experiência da empresária Silmara Dias, dona da Sim Bolsas, a estratégia é eficiente. Meu Próprio Negócio, ano 9, n.º 94, pp. 46-48.    

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Classe C é impactada nas redes sociais

Maria Fernanda Malozzi

Atingir a nova classe média - também conhecida por classe C - na internet é mais fácil por meio das redes sociais. Pelo menos é o que dizem alguns especialistas do mercado. MSN, Orkut e YouTube são os sites que essa camada da população mais visita quando está online.
Os portais de notícias não ficam de fora do plano de mídia dos anunciantes que querem falar com a classe C. Mas as redes sociais ainda são a preferência na hora de desenvolver campanhas online para esse público porque é possível fazer entretenimento. "No mundo da internet tem que conquistar o internauta. Tem que fazer entretenimento. Tem que perguntar: você viralizaria isso?", explica Fernando Taralli, presidente da Energy.
A agência, que atende a conta digital das Casas Bahia, procura fazer ativação da marca em datas especiais por meio de hotsites. No Dia dos Namorados, por exemplo, o anunciante fez um hotsite no qual os namorados montavam um scrapbook virtual com fotos, vídeos e anotações. Os cinco melhores álbuns ganharam uma viagem para Buenos Aires. O hotsite teve mais de dois milhões de page views, com seis mil scrapbooks feitos.
Já para o Dia dos Pais, a Energy desenvolveu outro hotsite no qual os internautas criavam uma história em quadrinhos virtual com o tema "Papai é Campeão". As 10 melhores histórias ganharam um kit com o gibi encadernado, uma camisa oficial do time do pai personalizada e um pendrive. O primeiro colocado ainda ganhou TV de 42 polegadas LCD Full HD. O hotsite teve cerca de 250 mil page views e 2.626 gibis criados.
Para divulgar o lançamento do MiniBis para os jovens da classe C, a Lacta foi para o Orkut. Em abril deste ano, os participantes do Colheita Feliz, jogo do Orkut, receberam uma semente de mini-cacau. Após 48 horas, as sementes transformaram-se em árvores de MiniBis, que podiam ser plantadas ou roubadas, fazendo alusão à assinatura da marca "Desconfie de todos". A ação, criada pela Ogilvy, impactou 75,5% do total de usuários do Orkut.
Segundo a Pesquisa de Mercado 2010 do Google, realizada pela TNS Research International, a classe C é mais impactada por uma informação postada pelo fabricante nas redes sociais (54%) do que os early users (43%). Já as opiniões dos amigos recebem mais atenção dos early users (49%) do que a classe C (45%). "A classe C é o grande motor do e-commerce brasileiro", lembra Michel Lent, gerente-geral e vice-presidente de criação da Ogilvy.
Mesmo presente na internet e com um comportamento que já se aproxima do dos membros das classes A e B, como uma maior adesão ao comércio eletrônico, a nova classe média ainda difere dos demais na compreensão da publicidade digital. "Antes de começar a criar, mapeiem a jornada digital do consumidor para definir quais canais serão trabalhados na internet", aconselha Paulo Sanna, vice-presidente de criação da Wunderman.
A maneira como a informação é passada também é fundamental para o sucesso da campanha. "Procuro ter o cuidado em ser mais didático, deixar claros os benefícios do produto ou serviço. As mensagens têm que ser mais diretas porque eu parto do princípio de que o tempo de imersão [da classe C] é menor porque a maioria acessa de lan houses, do trabalho ou de lugares públicos", explica Raphael Vasconcellos, vice-presidente da AgênciaClick Isobar.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Mulheres da classe C têm mais autonomia socioeconômica, revela Ibope

Camila F. de Mendonça


Há tempos, as mulheres vêm se destacando na economia  doméstica. E continuam ocupando mais espaço na liderança do orçamento familiar. Pesquisa mostra que entre as classes econômicas, as mulheres que pertencem à classe C são as que centralizam mais as decisões da família.

O Ibope, juntamente com o Target Group Index, constatou que as mulheres da classe C exercem mais responsabilidade sobre a família. “Elas têm, portanto, mais autonomia socioeconômica e, consequentemente, de consumo”, apontam os pesquisadores.

Ao todo, considerando a classe C1, 31% das mulheres são chefes de família. Entre as que pertencem à classe C2, o percentual sobe para 32%.

De acordo com a pesquisa, a classe C é uma das que mais cresce no País e já representa praticamente 50% da população com renda entre R$ 600 e R$ 2.099. Esse segmento é dividido em dois grupos, o C1 e o C2. O primeiro se identifica mais com a classe B, ao passo que a C2 tende mais aos índices das classes D e E.

Para a pesquisa, o Ibope Mídia e o Target Group Index realizaram 20 mil entrevistas.

Outros segmentos

Segundo o levantamento, as mulheres das classes mais abastadas têm menos autonomia nas finanças da família do que aquelas que estão na base da pirâmide socioeconômica. Na classe AB1, 23% das mulheres chefiam a família e na B2 o percentual alcança os 26%.

Já entre aquelas que pertencem à classe DE, 41% das mulheres chefiam suas famílias. Ao todo, 32% das mulheres são chefes de família.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mesmo com mais poder de compra, classe C enfrenta dificuldades para consumir

Tabata Pitol Peres


Nos últimos anos, muitos brasileiros deixaram de pertencer as classe D e E e passaram para a classe C. O aumento da renda mensal resultou em aumento de consumo, tanto que, atualmente, a classe C movimenta R$ 479 milhões por ano. 

Mas, de acordo com o sócio-diretor do DataPopular, Renato Meirelles, embora esse público tenha conquistado mais facilidades na hora de comprar, ele ainda enfrenta grandes dificuldades. 

"Hoje esse público tem mais acesso ao crédito e tem mais credibilidade na hora de comprar, mas ele enfrenta muitas dificuldades. Não é tão fácil entrar em uma loja e sair com um bem para pagar em 18 vezes", explica o pesquisador. 

Dificuldades

Ainda segundo Meirelles, entre as principais dificuldades enfrentadas por esse público, está o linguajar do sistema financeiro. "Muitas vezes, ele não entende o que o sistema que empresta dinheiro para ele está dizendo. Não é todo mundo que entende o que está escrito no contrato que assina na hora de contratar um empréstimo ou financiar um bem de consumo. Muitos não entendem nem a fatura do cartão de crédito, e isso é um grande problema", afirma. 

E completa: "E embora não pareça, esses consumidores também enfrentam problemas com o tipo de tratamento que recebem dos vendedores. Por mais incrível que pareça, ainda tem vendedor que atende mal um consumidor de classe C, talvez por achar que ele não tem dinheiro suficiente para comprar o que está mostrando interesse em adquirir. Esse é um grande erro. Não tenho dúvida de que as empresas que tratarem bem esses cliente e ajudarem na superação dessas dificuldades que eles enfrentam serão líderes de mercado em poucos anos".

O que compram

O diretor conta também que engana-se quem imagina que esse público gosta de produtos baratos e sem qualidade. "Já foi o tempo em que produto vagabundo e baratinho fazia sucesso na classe C. Esse é um consumidor muito exigente. Até mais exigente que o consumidor de classe A, simplesmente porque ele não tem a chance de errar. Se ele comprar algo que não seja bom, ele não pode comprar novamente. O dinheiro é contadinho. Portanto, muitas vezes, ele até prefere gastar mais em um produto de uma marca conhecida que dê a ele garantia da qualidade do produto".

Outra característica desses consumidores é que eles pesquisam muito antes de comprar. "Eles estão realizando seus desejos de consumo. Estão com poder de compra. Mas isso não significa que estão podendo esbanjar. Então eles pesquisam muito, buscam o melhor custo/benefício, para terem recursos de comprar mais itens que até pouco tempo atrás não podiam comprar", finaliza Meirelles.

sábado, 2 de outubro de 2010

Anote aí 22: Segmentação; Classe D; Segunda marca; Negócio; Lucro

SANTOMAURO, Antonio Carlos. Redes sociais cada dia mais segmentadas Comunidades para públicos específicos conquistam internautas. Novas redes sociais nascem em veículos online e off-line e crescem rapidamente. Meio & Mensagem, ano XXXI, nº 1404, 12 de abril de 2010, p. 28.


CHAVES, Reinaldo. Classe D puxa consumo e deve gastar R$ 381 bilhões neste ano Os 70 milhões de brasileiros com renda de até R$ 1.530 devem movimentar vendas de TV, carros e viagens. Diário de S. Paulo, 18 de abril de 2010, Caderno Economia, p. 13.


CHIARA, Marcia De. Empresas apostam em 2ª marca para classe C Estratégia é cada vez mais usada em vários tipos de produtos, como chocolates e torneiras. O Estado de S. Paulo, 20 de junho de 2010, Caderno Economia, p. B5.


HSM MANAGEMENT. 5 bastiões do modelo de negócio John Mullins, da London Business Scholl, pesquisou vários empreendimentos empresariais e oferece informações valiosas sobre estratégias para atravessar tormentas. HSM Management, ano 15, volume 1, nº 78, janeiro-fevereiro de 2010, pp. 104-107.


CASCIANO, Marcelus. Contatos lucrativos Pequenas empresas investem nas redes sociais com o objetivo de fidelizar a clientela, atrair novos compradores e buscar informações relevantes sobre o segmento. Meu Próprio Negócio, ano 8, nº 89, pp. 28-32.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lojas para a classe C devem ter estética própria

Luciana Carvalho


Entrar em uma loja é um ritual. O cheiro, as imagens, a música (se houver), o atendimento, enfim, tudo precisa estar dialogando de forma coerente para atrair o consumidor. E, como todo mundo, o público da classe C, também chamado de classe média emergente, exige uma estética específica para ser fisgado.
De acordo com Heloisa Omine, professora de pós-graduação da ESPM e especialista em comunicação no ponto de venda, a organização de uma loja é como qualquer outro meio de comunicação, pois trabalha com imagens e promessas. "O ambiente da loja precisa cumprir seus compromissos com o público alvo. O cliente precisa ter a sensação de um serviço e atendimento primoroso", explica ela.
Simplicidade
Segundo a especialista, no caso específico das classes C, D e E, a exposição das mercadorias precisa ser simples, com objetos empilhados e bancas de produtos. O público menos abastado prefere, muitas vezes, procurar os itens por conta própria. Por isso, as lojas devem transmitir uma sensação de disputa pelo produto melhor e mais barato. "Muitas vezes as lojas também têm o som mais alto e serpentinas no chão para dar essa sensação de oferta, de promoção", afima Heloisa Omine.
Ambiente alegre
Em artigo divulgado recentemente no jornal Meio & Mensagem, o diretor executivo de marketing do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirma que grande parte dos altos executivos - geralmente pertencentes às classes A e B - cometem o mesmo erro básico: usar suas referências estéticas e lingüísticas para conquistar esses consumidores. Para ele, o tratamento deve se adequar à identidade de educação e cultura desse grupo.
"As referências estéticas da base da pirâmide passam bem longe do 'clean'. São alegres, coloridas e extravagantes. Ambientes de loja muitos sofisticados e 'arrumadinhos', por exemplo, têm sido avaliados por nossas pesquisas como frios e exclusivistas", explica. O atendimento prestado pelos vendedores às classes mais baixas também deve ser mais próximo e direto para que o cliente se sinta bem atendido.
Organização na medida
A professora da ESPM endossa a fala do representante do Magazine Luiza e complementa: as lojas "clean" intimidam. "Se a loja é muito aberta e clara, o próprio cliente fica exposto. Ele precisa ter coragem para entrar e ser visto", diz Heloisa. Em uma loja extremamente organizada, muitas vezes ele pode ficar envergonhado por tirar as coisas do lugar. "O cliente acaba não entrando no ambiente, pois não quer ser a pessoa que causa a confusão. E quando tem atendimento assistido é mais tenso ainda, pois há uma expectativa sobre o que atendente vai pensar dele".
Identificação com o ambiente
Heloisa Omine também chama a atenção para a importância de se criar espaços com os quais o cliente possa se identificar. Em grandes magazines, os setores de eletrodomésticos e eletrônicos, por exemplo, simulam salas de estar e cozinhas como se transpusessem o ambiente para a casa do cliente. A iniciativa é boa, pois gera um local de conforto para o consumidor. No entanto é preciso ficar atento às dimensões do lugar. "Se colocar um home-theater na 'sala' com um espaço muito grande, o cliente pode achar que o aparelho não vai caber na casa dele. É preciso ter um local em que ele vai se sentir em casa", afirma.
Para a especialista, o varejo - inclusive dos shoppings - está descobrindo o potencial de consumo que a classe C possui e mesmo aqueles tradicionalmente voltados para o público B estão criando novas formas e produtos que atendam esse público. Por outro lado, a classe C também tem visto que pode comprar e subir na escala financeira. Aos poucos, está começando a se adaptar às lojas voltadas para os segmentos economicamente superiores.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Classe C quer cores, extravagância e fartura

Priscila Zuini


A classe C já reúne 50% da população brasileira e carrega no bolso um terço da renda do país. São 37 milhões de famílias com renda mensal entre 3 e 10 salários mínimos, que respondem por 430 bilhões reais da renda anual da população. Para Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, a classe C não é um segmento, ela é o próprio mercado e muitas empresas já estão aprendendo a vender para ela.

Uma fatia que engorda ainda mais o mercado consumidor da classe C é a mulher. Na classe A, 25% da renda vem da mulher, enquanto na classe C essa participação chega a 41%. Meirelles acredita que a saída da mulher para o mercado de trabalho potencializa o poder de consumo, principalmente em relação aos serviços e produtos de beleza.

A velha história de que a classe C compra pelo preço também é derrubada por Meirelles. "O grande desafio das empresas é oferecer um produto que tenha bom custo-benefício", explica. Para entender melhor onde o que quer este público, o site Exame conversou com Renato Meirelles, que falou ainda sobre a melhor maneira de atingir a classe C.

EXAME - O mercado já conhece o potencial desta nova classe média? 
Renato Meirelles - Se pegarmos um histórico dos últimos 15 anos, estamos no que eu costumo chamar de terceira fase do mercado de baixa renda. Na primeira fase, as empresas ignoravam esse público, pensavam nele como um segmento. Na segunda fase, que foi entre 2000 e 2002, elas começaram a pensar que ele existia e que tinham que olhar melhor para ele. Depois da queda do Lehman Brothers, ficou claro que aquele não era um novo mercado, era o mercado da maioria.  Eles representam 81% dos cartões de crédito e 88% das compras em supermercados. Movimentam 834  bilhões de reais. Não é um segmento, é o verdadeiro mercado brasileiro.

EXAME - O Brasil tem estrutura para atender essa demanda? 
Meirelles - O Brasil vive em 2010 o primeiro ano da melhor década da história, tudo aponta para isso, os números do consumidor e da macroeconomia. Quem souber entender como funciona o consumo dessa nova classe média vai ser uma empresa de sucesso.

EXAME - As pequenas empresas também têm chance com a classe C?
Meirelles - Sim, isso abre uma enorme chance para os empreendedores. Elas tem um grande diferencial competitivo, que é estar perto desse público. Elas conhecem os consumidores, têm barriga no balcão e isso traz uma experiência real, do dia a dia mesmo. O outro lado positivo é que com a economia crescendo cada vez mais o potencial empreendedor tem ainda mais oportunidades. 
EXAME - As empresas já estão de olho nisso? 
Meirelles - A gente tem observado que elas estão no gerúndio, ainda no processo de estar indo melhorar, estar indo conhecer. Os pequenos tem isso mais claro. O mercado mudou, ele é mais sensível a esse tipo de demanda. Percebemos que o varejo entendeu a classe C primeiro, a indústria veio atrás e os bancos só agora estão prestando atenção.

EXAME -  Quais os principais setores que podem ganhar com o crescimento desse mercado consumidor? 
Meirelles - Diria que, principalmente, a indústria de serviços de beleza, por uma saída maior da mulher no mercado de trabalho que exige que ela cuide mais de aparência. Tecnologia e informática, como venda de computadores, cursos e manutenção, e o setor ligado à educação, como o de cursos profissionalizantes também têm destaque. Isso potencializa o pequeno empreendedor que quer abrir uma franquia de informática, por exemplo. Na classe C, o dinheiro que usam nesse tipo de coisa não é visto como gasto, mas como investimento. Quando ela gasta com isso, entende que está gastando para melhorar a qualidade de vida. 

EXAME -  Para atender a essa demanda, as empresas devem ter projetos específicos? 
Meirelles - Elas precisam entender se o portfólio de produtos dialoga ou não com o consumidor. Se você quer vender para todos, mire na classe C. É a verdadeira classe média brasileira. Se você puder vender para esse público, pode atender as classes A, B, D e E. A classe C se sente excluída se você falar só com a classe A e B, por exemplo. E tem mais, essa história de produto vagabundo e baratinho já não atrai esse público. O grande desafio das empresas é oferecer um produto que tenha bom custo-benefício. A baixa renda não compra mais só pelo preço. 

EXAME -  Existe uma maneira correta de se comunicar com a nova classe média?
Meirelles - Ele quer ter uma linguagem própria. Se for tratado como a classe A e B ele vai sentir um certo estranhamento. Ele gosta de uma comunicação mais colorida, por que as referências culturais e os padrões estéticos são outros. É alegre, é colorido, é extravagante, é farto. Diferente dos tons pasteis que a classe A gosta tanto. 

Vale lembrar que esse público é mais fiel às marcas do que nas outras classes sociais, já que o custo do erro é muito maior. Na hora de precificar, por exemplo, a linguagem direta funciona muito melhor. Se custa 100 reais e tem 30% de desconto, é melhor falar que de 100 sai por 70. Ele prefere um relacionamento pessoal, aquele do varejo tradicional e não o autoserviço. Quem tem um atendimento assistido, em que o vendedor oferece e mostra o produto, tende a ganhar vantagem.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Anote aí 14: desafios; classe C; You Tube; target; concorrência

GOMES, Adriana. Desafios de ser pequena, competitiva e atraente Pessoas: a diferença para as pequenas empresas. Revista da ESPM, ano 16, volume 17, nº 3, maio-junho de 2010, pp. 36-41.

ROLLI, Claudia. O luxo da classe C Pesquisa aponta que consumidores desse grupo gastam entre 30% e 60% da renda com marcas e produtos e vêem o consumo como inclusão social. Folha de S. Paulo, 18 de julho de 2010, Caderno Mercado, p. B5.


BRUNO, Adriana. Cada um no seu quadrado Para driblar a concorrência entre os canais de compras e manter a rentabilidade, o varejo independente precisa identificar seus diferenciais e fortalecê-los, mostrando que tem características próprias que as grandes redes não conseguem oferecer. Abastecimento, ano 4, nº 22, julho/agosto de 2010, pp. 30-34.


DUARTE, Alexandre. 15 segundos de fama no You Tube Os virais, são vídeos amadores e toscos, que fazem sucesso por acaso. Ainda assim, se espalham pela internet e acumulam dezenas de milhões de views. Superinteressante, nº 281, agosto de 2010, pp. 86-89.


HORVATH, Sheila. O fim do target O mundo digital incorpora um novo momento à publicidade. Clotilde Perez, especialista em semiótica, diz que as marcas deixam de buscar símbolos de desejo dos consumidores para criar valores imateriais para os produtos. Próxxima, nº 20, agosto de 2010, pp. 46-47.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Ele mergulhou na base da pirâmide

Ticiana Werneck

Por quinze anos, o baiano André Torretta atuou como publicitário em projetos desenvolvidos junto à Classe C. Como estrategista político trabalhou em campanhas presidenciais na Argentina, Bolívia e Brasil, onde fez mais de 50 campanhas eleitorais. No final, reuniu uma expertise singular quando o assunto são as classes C, D e E. Juntou tudo isso num livro. Em “Mergulho na Base da Pirâmide – Uma nova oportunidade para sua empresa” (Editoras Saraiva e Virgília), ele traça um retrato da “nova classe média brasileira”, ou seja, 100 milhões de brasileiros, exatamente 53,8% da população.
“Nos últimos anos, muito tem se falado a respeito das classes C, D e E, mas, na verdade, se conhece muito pouco o mundo em que essas pessoas vivem”, afirma Torretta. Essa falta de conhecimento pode esconder oportunidades. O livro traz um estudo que revela que 17 multinacionais investiram 10 bilhões de dólares em projetos desenvolvidos em países emergentes da África, Ásia e América Latina – entre eles o Brasil. Porém, 66% das ações para a base da pirâmide fracassaram. “Isso aconteceu porque tentou-se aplicar os mesmos modelos de negócios, comunicação e pesquisa utilizados com sucesso em países de primeiro mundo e em mercados desenvolvidos. Se as empresas persistirem no erro e ignorarem a realidade da base da pirâmide, continuarão a gastar dinheiro à toa e a perder boas oportunidades de negócios”, defende.

Prefaciado por Mano Brown, vocalista do grupo de rap paulista Racionais MC’s, o livro traz ainda resultados de diversas pesquisas conduzidas por Torretta cujos métodos de abordagem do público se diferem dos convencionais, transformando os próprios moradores das periferias em pesquisadores – os chamados “antenas”. A eles, Torretta perguntou: “O que acha bonito?”. Sim, bonito. “A idéia era descobrir se afinal o que é bonito para alguém da classe média/alta é necessariamente bonito para alguém da baixa renda”, explica o autor. A princípio, os antenas declararam que nunca haviam parado para pensar no assunto. “Existe uma sobreposição entre o que é bonito e a possibilidade de consumo. O que é muito caro, muito distante, essas pessoas não conseguem admitir como bonito”, diz Torretta. A beleza também está no que ele pode comprar. “Acho que as propagandas da hora são das Casas Bahia porque você pode pagar em 10, 15 vezes”, foi um dos depoimentos recebidos.

Para compor a resposta, Torretta pediu que fotografassem ou trouxessem recursos visuais apontando seus gostos. Apareceram muitas fotos de ambientes internos amplos, casas grandes, em contraponto a suas casas, geralmente muito pequenas, onde várias pessoas dormem em um mesmo cômodo. Também muitas fotos de “carrões”, em contraposição à falta óbvia de conforto do transporte coletivo.

O livro traz também outros resultados curiosos de relatórios de observação em periferias de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Salvador, como “Lan House” e “Baladas” que decifram hábitos de consumo e de lazer, preferências, aspirações, formas de comunicação e a realidade desta camada da população. “Hoje, a maioria das empresas encontra problemas quando quer atravessar a última fronteira econômica. Por isso, estes relatórios de observação ajudam a derrubar mitos, expõem a falta de conhecimento das empresas sobre o Brasil e revelam diferenças fundamentais que separam o topo e a base da pirâmide”, argumenta.

NOVAREJO: O que mais mudou em relação às categorias de produto que essa camada da população compra?
André Torretta: A grande mudança que vemos no consumo na base da pirâmide é a migração para outras famílias de produtos, o que decorreu da maior renda. Por exemplo: ela está deixando de consumir extrato de tomate para consumir molho de tomate, deixando de consumir suco em pó para consumir suco pronto. Cada vez que sobe a renda assistimos a mudanças de hábitos de compra.

NOVAREJO: O que esse consumidor valoriza em termos de experiência de compra?
André Torretta: Esse novo consumidor está muito mais exigente. Nos supermercados ele exige empacotadores, não gosta de pegar filas e de ser mal atendido. Já que agora ele "está podendo" ele virou consumidor. Por isso mesmo quer o mesmo tratamento daqueles que vivem no topo da pirâmide.

NOVAREJO: Quais aspirações emocionais estão presentes nas compras dessa camada?
André Torretta: Essa população compra roupas e usa marcas famosas para se sentir "dentro da sociedade”, para se sentir incluída. Vale lembrar que até muito pouco tempo atrás esta população não podia comprar marcas famosas.

NOVAREJO: Para compor o livro, você pesquisou as periferias das capitais brasileiras. O que descobriu de mais intrigante?
André Torretta: Que as periferias são muito, mais muito diferentes umas das outras. A música que toca na periferia de Recife é diferente da tocada em Salvador, que é diferente da Fortaleza, extremamente diferente de Porto Alegre. Descobri que enquanto a classe média alta globalizada gosta de estar conectada com o mundo, a base da pirâmide gosta de estar conectada com suas próprias comunidades.

domingo, 13 de junho de 2010

Anote aí 3: consumo; internet; mercado-alvo; redes sociais; precificação


FORNETTI, Verena. Classe C puxa novo padrão de consumo Classe média baixa inclui nas compras mais itens supérfluos, além de uma variedade maior e mais sofisticada de bens duráveis. Dados da Kantar Worldpanel indicam que a classe C aumentou em 17% o valor consumido de bens não duráveis em 2009. Folha de S. Paulo, 18 de abril de 2010, Caderno Dinheiro, p. B7.


CRUZ, Christian Carvalho. Cidadãos 365 dias por ano Para sociólogo, a internet e as redes sociais online vêm criando uma nova opinião pública, que não engole mentira, não tolera promessas, não aceita líderes analógicos. Faz acontecer. O Estado de S. Paulo, 25 de abril de 2010, Caderno Aliás, pp. J4-J5.


FUJITA, Eric. Empresas apostam no público GLS e movimento chega a triplicar Há pacotes de viagens, condomínios, grifes e até pet shops exclusivos para gays, lésbicas e simpatizantes. Diário de S. Paulo, 30 de maio de 2010, Caderno Economia, p. 18.


SILVA, Chico. Na mente e na alma Neurociência e redes sociais são novos aliados das empresas de pesquisa para desvendar preferências do consumidor. Meio & Mensagem, ano XXXII, nº 1405, 19 de abril de 2010, p. 78-83.


HINTERHUBER, Andreas. Valor preço Pesquisa identifica seis obstáculos que levam mais de 80% das empresas a resistir às estratégias de precificação de maior êxito, que são baseadas no valor percebido pelo cliente. HSM Management, ano 15, volume 1, nº 78, janeiro-fevereiro de 2010, pp. 108-116.