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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Pessoas que moram sozinhas exigem poder de personalização das empresas

Luisa Medeiros
08/04/2014
O número de pessoas que mora sozinha vem aumentando e seu estilo de vida impondo às empresas novos posicionamentos. Quem quiser se inserir nesse nicho precisa dispor de boa dose de personalização e entregar qualidade e praticidade. O número de domicílios com um habitante mais do que triplicou na última década e já ultrapassa os 8,4 milhões de lares, de acordo com o IBGE. Esse perfil foge ao estereótipo do solitário e assume hábitos comuns em famílias maiores, como o de ir ao supermercado e investir na casa própria. Isentas de gastos com a família, essas pessoas se permitem pequenos luxos, são grandes consumidores de food-service e valorizam itens premium.

Normalmente este perfil é urbano e surge por diversos fatores que vão desde viuvez e divórcio até o jovem que saiu de sua cidade de origem para fazer faculdade em grandes centros. Contudo, predomina a tendência de pessoas que investem pesado na carreira e deixam o casamento para mais tarde. Esses consumidores consolidaram financeiramente, gerenciam a própria casa e, em geral, possuem maior poder aquisitivo per capita do que as famílias brasileiras, que contam em média com três pessoas, de acordo com o último Censo do IBGE.

Um investimento que tem se tornado comum entre os singles é a compra da casa própria. A preocupação com a dependência de empregada e o playground dão lugar a diferenciais como, por exemplo,  a customização da planta, serviço de lavanderia coletiva, conserto de bike e pet care. “As pessoas querem mostrar sua identidade em tudo que têm e não é diferente com o apartamento. Os tradicionais já vinham divididos e não comportavam personalizações, como um piano no meio da sala, por exemplo. Foi a partir daí que criamos imóveis com planta livre”, comenta Luana Rizzi, Diretora de Marketing e Pessoas da Maxhaus, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Casa de solteiro

O clichê da casa mal arrumada, sem nenhuma preocupação com decoração ou arrumação e composta por móveis improvisados se desfaz diante dos novos hábitos de quem mora sozinho. Os apartamentos preferidos são os menores, com cerca de 40 metros quadrados. Apesar de serem espaços pequenos, não se tratam nem de longe de moradias simplórias. Os singles buscam bairros próximos a transportes públicos, priorizam conveniência e valorizam tecnologia. Os prédios inteligentes são cada vez mais procurados por quem mora sozinho e desfruta de uma carreira bem sucedida. Esses mimos podem custar de R$ 300 mil em Interlagos, até R$ 900 mil, se o bairro escolhido for a Vila Olímpia, ambos em São Paulo, de acordo com a construtora Maxhaus.

Os serviços domésticos, inclusive o de lavar roupas, deixam de ser feitos dentro de casa. O single sai em busca da praticidade. Vendo essa tendência muitos condomínios começaram a deslocar a lavanderia para as áreas comuns do prédio, o que evita o gasto com a máquina e otimiza o espaço que ela ocuparia. “Quem mora sozinho quer chegar a casa e não ter muitos afazeres domésticos. Eles são workaholics e ficam mais tempo fora de casa. Se pudessem apertariam um botão e teriam a louça lavada, a comida pronta e a cama arrumada”, comenta Maurício Morgado, pesquisador do Centro de Estudos em Varejo da FGV, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Atenta a este movimento a Maxhaus vende 40% dos seus imóveis para esse público. A empresa investiu em um sistema de automação chamado Auto haus, em que todos os interruptores da casa são conectados por um cabo de dados. A programação permite sincronizar funções como abertura da porta, acendimento da luz e acionamento do ar-condicionado. “Mesmo sozinho e em casas menores, esse público preza pelo espaço e conforto. Ele quer ter home theater e closet. Não é porque não tem companhia que abriria mão dessas coisas, que são fundamentais para o estilo de vida que prezam”, diz a Diretora de Marketing da Maxhaus.

Como gastam o dinheiro que é só deles

O estilo de vida é indispensável. Sem compromissos financeiros com o sustento de outras pessoas estes consumidores se permitem certos luxos. Eles investem em saúde e bem estar físico, oferecem regalias aos seus pets e gostam de estar por dentro das novidades tecnológicas. Nas gôndolas, priorizam marcas famosas e os itens premium têm espaço garantido em seus armários. “Na compra de alimentos para casa eles não têm despesas muito significativas, o que faz com que se deem alguns presentes e escolham as melhores marcas. Isso acontece porque usam menos quantidade dos produtos, que acabam durando bastante. Não pesa no orçamento”, aponta Maurício Morgado.

Os supermercados têm se tornado um destino cada vez mais frequente desses consumidores que vão em média 81 vezes a este tipo de estabelecimento ao ano, de acordo com dados da Nielsen. Eles buscam praticidade e não se importam de pagar mais por porção em embalagens menores que atendam as suas necessidades sem desperdícios. Os alimentos prontos e semi-prontos também têm destaque.

O perfil é campeão no consumo de chás, sopas e sucos prontos, com, respectivamente, 39% e 5% a mais que a média nacional. "Lares individuais gastam 36% a mais do que a média no Brasil no consumo de sobremesas prontas. Eles querem conveniência, apesar de isoladamente os itens serem mais caros o tíquete ainda é mais baixo do que o de famílias maiores”, ressalta Jefferson Silva, Gerente de Homescan da Nielsen, em entrevista ao Mundo do marketing.

O hábito de comer fora também faz parte da rotina, uma vez que poupa trabalho. Para uma única pessoa, o food service acaba sendo economicamente viável. De acordo com a ferramenta Garfômetro do site de compra coletiva Bom Proveito, o gasto médio com um almoço regular é de R$ 20,00, enquanto o tíquete de jantares em finais de semana se aproxima dos R$ 65,00 e a conta do happy hour custa em média R$ 30,00.

Oportunidades de negócios no mercado single

Como os singles são clientes frequentes de restaurantes e bares, se diferenciar nesse segmento pode ser um caminho de sucesso. A preocupação com a saúde que aparece na hora de contratar serviços e escolher produtos também está presente na alimentação fora do lar.  Opções gordurosas ou artificiais dão lugar a propostas que unem rapidez, sabor e qualidade nutricional. “Esse é um nicho de mercado que ainda tem muito para crescer. Uma forma de aproveitar essa oportunidade é desenvolver alimentos práticos e com um quê de saudabilidade, inclusive com entregas de versões congeladas. Tem que sair das opções comuns ricas em sódio e conservantes”, aponta Maurício Morgado.

O que acontece é uma exaustão quanto aos produtos “de micro-ondas”, que seguem sempre a mesma linha de massas e empanados. Distante da família e cansado do paladar industrializado, esse consumidor pode ser conquistado a partir da memória afetiva. “O cardápio pode trazer comida de mãe, como feijão, arroz, bife e batata frita. E o ambiente pode remontar às casas mais antigas, onde as famílias se reuniam. Por outro lado os consumidores não vão querer só essa experiência, a sofisticação também é bem-vinda e aliar isso a saudabilidade pode ser um sucesso”, comenta o Pesquisador do Centro de Estudos em Varejo da FGV.

Independente do segmento, o atendimento pode ser um diferencial. Muitas vezes a ida ao ponto de venda representa mais do que uma jornada de compras. O varejo se torna um importante ponto de interação social. Se a equipe de vendas deixar clara a intenção de auxiliar nas decisões e no processo de compra, aumentará a chances de retorno. Estes são clientes com perfil de vida independente o que lhes confere um grau extra de exigência em todas as áreas de seu consumo. “Os consumidores single se caracterizam muito mais por aspectos comportamentais do que financeiros e faixa etária propriamente dita. O grau de exigência é muito alto e se ajustar às necessidades desse público é um imperativo para as empresas”, complementa Luana Rizzi.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/mercado/30357/pessoas-que-moram-sozinhas-exigem-poder-de-personalizacao-das-empresas.html. Acesso em 08 abr 2014.

sábado, 29 de março de 2014

Consumidor desconfia de promoção e quer mais experimentação no PDV

Luisa Medeiros
24/03/2014
 
As marcas utilizam diversos mecanismos promocionais - como sorteios, compre e ganhe e degustação - para lançar um novo produto ou incentivar vendas. A percepção dos consumidores com relação a essas ações, no entanto, é diferente do esperado pelas companhias: 46% dos brasileiros acreditam que promoção seja sinônimo de desconto e não conseguem compreender outras iniciativas como promocionais, aponta a pesquisa Promológico, da NewStyle. A maioria das pessoas (60%) considera complicado participar das ações propostas pelas marcas. Sendo assim, o caminho para conquistar os clientes está em simplificar.

As mecânicas que contam com várias etapas, por exemplo, costumam distanciar os consumidores. O relacionamento com a marca precisa ser conveniente e intuitivo para se adequar ao cotidiano agitado e fisgar a atenção das pessoas geralmente compartilhada com diversos outros apelos. Os prêmios são outro ponto de atenção: eles podem determinar a maior ou menor participação do público. Os clientes querem personalização, o que ficado comprovado com os 89% que dizem participar com mais frequência das ativações nas quais podem escolher o que vão ganhar.

Outra barreira encontrada pelo Marketing promocional é a falta de confiança por parte do consumidor, somada ao preconceito. Um terço dos entrevistados na pesquisa disse que já foi enganado por marcas. O efeito da falta de credibilidade atualmente assume grandes proporções, uma vez que uma crítica lançada na internet pode impactar centenas de pessoas em pouco tempo.

Por outro lado, 51% dos participantes da pesquisa acreditam que as promoções realizadas por meio de sorteios têm foco em pessoas de menor poder aquisitivo. “Durante muito tempo os sorteios estavam focados em uma cultura assistencialista, com prêmios para mudar a vida do consumidor, com a oferta de casas e carros. O momento atual do Brasil mudou e aproximou o brasileiro daquilo que quer comprar. Diante disso, as promoções precisam ser personalizadas pensando também nas classes A e B”, diz Claudio Xavier, sócio-diretor de Criação da NewStyle, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A relação entre degustação e fidelização

As promoções quando bem executadas podem ser fortes aliadas da fidelização do cliente. Entre os brasileiros que compraram um produto pela primeira vez pela vantagem durante a promoção, 44% continuaram fiéis àquele artigo. “O final de uma promoção é na verdade o início de um relacionamento. Podemos trabalhar essa base de dados de uma forma que mantenha um diálogo entre marca e consumidor”, aponta Thiago Nascimento, Diretor de Planejamento da NewStyle, em entrevista ao Mundo do Marketing.

As degustações são uma excelente estratégia para incentivar o primeiro consumo em determinada categoria. A estratégia, no entanto, ainda se restringe a lançamentos. “O consumidor quer experimentar tudo a qualquer hora. Essa é uma herança de comportamento que foi construída em serviços online e se estendeu para o físico. O mercado ainda não acompanha a velocidade desse desenvolvimento. O cliente não vê a diferença entre o digital e o físico. Para ele tudo é produto”, analisa Claudio Xavier.

O consumidor contemporâneo está acostumado a experimentar tudo antes de comprar e quando não encontra esta oportunidade no ponto de venda se desestimula. O segmento de supermercados é o campeão desta demanda: 88% dos entrevistados gostariam de poder provar mais produtos durante sua jornada de compras. “Comprovamos que a degustação é muito poderosa em inserir novos produtos no repertório do consumidor ou na hora de trocar de marca. Os investimentos nesta estratégia vão depender de quanto a empresa esteja disposta em tirar os clientes de seus concorrentes”, complementa Thiago Nascimento.

Estratégia depende da região

Em um país com uma cultura tão múltipla quanto o Brasil, para serem eficientes, as ações não podem ser homogêneas. A eficácia de uma ativação pode ser comprometida de acordo com a região do país que se pretende alcançar. A segmentação e o conhecimento do perfil do consumidor são aspectos fundamentais para ganhar relevância. “No momento de fazermos algo regional, precisamos ter em mente sempre o respeito pelas diferenças. O risco de não se fazer entender é muito grande. Fica cada vez mais difícil de fazer algo nacional que fale com todo mundo”, aponta o Sócio-diretor de criação da NewStyle.

Em Belo Horizonte, por exemplo, as ações mais populares são as que envolvem celebridades. A aceitação deste tipo de abordagem é de 81% na capital, superando a média nacional de 71%. A mesma promoção utilizando uma pessoa famosa não surtiria efeitos tão positivos no Rio de Janeiro, onde a afinidade com este tipo de comunicação é de 34%, o mais baixo do Brasil. No nordeste, os sorteios registram o maior índice de aceitação do país, com 50%, no Recife, enquanto a média nacional é de 28%. Já São Paulo é a região em que os sorteios têm a menor penetração, com 17%.

A degustação, por sua vez, detém uma média de 42% de aceitação no país, tendência que é mais acentuada em São Paulo, com 60% de participação por parte dos consumidores, seguido por Recife, com 58%. Na categoria de experimentação de produtos, Porto Alegre aparece na última posição, com 12% em penetração. Na região sul, ações com fundo social em prol de causas diversas lideram a preferência, envolvendo 68% dos consumidores.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/30232/consumidor-desconfia-de-promocao-e-quer-mais-experimentacao-no-pdv.html. Acesso em 24 mar 2014.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Classe "AC" tem renda alta e hábitos de classe média

Luisa Medeiros
07/01/2014
Para 72% das famílias com renda entre R$ 7 mil e R$ 15 mil que moram em regiões do subúrbio do Rio de Janeiro, permanecer no bairro de origem é a melhor opção. Uma pesquisa da Agência NBS classifica estas pessoas como classe AC: elas pessoas possuem idade entre 30 a 60 anos, e mesmo após a ascensão econômica continuam reproduzindo padrões de comportamento e consumo da classe C. Normalmente se declaram pertencentes à classe média, o que deu origem ao termo AC.

Entre os principais valores reproduzidos estão: pensar a família para além dos laços sanguíneos, dar valor ao trabalho e fazer contas na hora de comprar, mesmo tendo dinheiro. Além disso, querem consumir o que é inclusivo e não o que é exclusivo, pois o mais importante é ser igual aos demais. A relação com a vizinhança é valorizada e 88% consideram que ajudam seus vizinhos e são ajudados na mesma intensidade. Uma característica comum é morar perto dos familiares e do trabalho, o que é visto como uma grande vantagem.

O levantamento apontou ainda que 93% dos entrevistados consideram que têm uma relação afetiva com o subúrbio, enquanto 99% declaram que têm orgulho do local onde moram. 78% deles moram em casa e 72% têm como hábito de lazer receber a família e os amigos em suas residências. Outros 57% se sentem seguros no subúrbio e 45% acreditam que a sua região é mais segura do que o resto da cidade.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/ultimas-noticias/29620/classe-ac-tem-renda-alta-e-habitos-de-classe-media.html. Acesso em 07 jan 2014.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Programas de fidelidade para a classe C. O que os aproximam e afastam?

Luisa Medeiros
15/10/2013
Até o início dos anos 2000, os programas de fidelidade disponíveis no Brasil eram exclusividade das classes A e B. Com o crescimento da nova classe média e seu consumo experimental de novas categorias de produtos, as marcas criaram versões de bonificação com foco neste público. Clubes de vantagens como Multiplus e Netpoints já consideram esta camada na hora de elaborar suas estratégias. Eles deixaram de ser exclusividade de grandes marcas: lanchonetes, pet shops, lavanderias, salões de beleza e motéis criam suas próprias versões, oferecendo descontos no mês do aniversário ou um serviço grátis após determinada quantidade de contratações. Mas mesmo com tantas opções, a classe C ainda não se sente confortável, não identificando benefícios imediatos nestes programas.

Os clubes de fidelidade se popularizaram com as milhas das companhias aéreas, mas atualmente é possível acumular pontos no cartão de crédito, nas compras do supermercado e abastecendo o carro. Os bônus podem ser trocados por quase todo tipo de serviços e produtos, desde os mais caros como eletrodomésticos, eletrônicos, hospedagem e férias completas, até artigos triviais como sanduíches, revistas, recargas de celular e beleza. São os itens mais simples, e que consequentemente exigem menor pontuação, os campeões de troca. Em 2012, 100 mil milk shakes do Bob's foram pagos com pontos do programa Dotz, de acordo com dados da empresa.

Indo além do foco nas vendas, a estratégia das marcas pretende incentivar o retorno e fidelizar estes consumidores que movimentam mais de R$ 880 bilhões por ano, o dobro da classe B. Apesar do já conhecido alto poder de consumo, mais de 46% dos indivíduos das camadas populares dizem não ter marcas preferidas, de acordo com uma pesquisa do Data Popular. Contudo, ainda existem barreiras para que as empresas atinjam este segmento. “O principal motivo para este consumidor ter resistência aos programas é o fato de não ver vantagem prática. Além disso, ainda associam aos antigos programas das companhias telefônicas que prendiam o cliente em contratos e cobravam multas”, comenta André Fernandes, Diretor Financeiro da NetPoints, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Perfil deste consumidor força mudança nos clubes de vantagens

Atualmente, a grande dificuldade desses consumidores é atingir pontuações que possibilitem a troca por prêmios antes de o prazo para uso expirar ou conquistarem itens que sejam considerados como uma compensação justa pelo dinheiro investido. Em 2011, um cliente do Banco do Brasil levava 36 meses consumindo R$ 500,00 mensais no cartão de crédito para trocar pontos por uma passagem aérea, de acordo com dados da empresa. Para a classe C, não faz sentido esperar tanto tempo por um benefício. “A satisfação deve ser mais imediata, porque essas pessoas acabaram de entrar no paraíso do consumo e querem desfrutar” analisa Eliana Vicente, Antropóloga e especialista em consumo popular da Consumoteca, em entrevista ao Mundo do Marketing.

O encanto dos prêmios oferecidos cai quando o consumidor não enxerga valor agregado. Longas esperas para fazer um resgate também desagradam. “Entre esperar três anos usando o cartão para trocar por uma sanduicheira de R$ 20,00 ou comprar direto na loja: o que você acha que o consumidor vai preferir? O cartão de uma sorveteria que dá um sorvete grátis na sexta compra é uma mecânica mais eficiente por permitir visualizar a economia”, questiona Eliana Vicente.

Os programas de benefícios ganham relevância para este público quando se tornam sinônimos de economia. A rede de supermercados Vila Real Vale do Paraíba se associou à NetPoints e realiza a troca instantânea por itens como vinhos e bombons. A Marisa oferece o programa de fidelidade Amiga, que dá créditos em roupas, enquanto a Equus Jeanstyle permite o acúmulo de pontos nas compras pagas nas máquinas Cielo. Já na Mercatto, onde 90% da base de clientes cadastradas no programa de fidelidade pertencem à classe C, o principal benefício oferecido pela loja é o desconto de 10% em todas as compras realizadas no mês do seu aniversário. “A possibilidade das clientes se cadastrarem e na hora já saírem com o cartão atrai muito. O campeão mesmo na preferência é o desconto de aniversário, porque significa comprar mais por menos”, avalia Illa Cristina, Diretora de Marketing da Mercatto, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Rumo à classe C

As mecânicas dos clubes de vantagens operadas no Brasil vão na contra-mão da origem destes programas que surgiram nas classes populares dos Estados Unidos. Um dos primeiros modelos a ganhar destaque foi o dos cigarros Raleigh, que distribuía selos verdes que davam direito a produtos após uma certa quantidade acumulada. O formato se expandiu para os supermercados que distribuíam livros para os clientes colarem os adesivos adquiridos a cada compra, para posterior troca por mercadorias.

A relação básica entre os primeiros programas e os atuais é a noção de que quanto mais o cliente compra, mais vantagens a empresa lhe oferece. É cada vez mais comum no mercado a presença de programas de coalizão de vantagens, como o Multiplus, que também permite o acumulo e a troca de pontos em empresas parceiras, como a loja online do Ponto Frio, a rede de farmácias Raia e os Postos Ipiranga. Seguindo esta tendência, o Smiles comprou recentemente 25% de participação na NetPoints.

A aquisição reforça o interesse da companhia aérea em ganhar relevância com a nova classe média, que representa 50% dos cadastros da NetPoints, cerca de 1.8 milhão de consumidores. “Com a compra, pretendemos viabilizar até mesmo o aspiracional das viagens aéreas para consumidores desta camada a partir das compras cotidianas em farmácias, supermercados e postos de gasolina. É uma transição do movimento de clubes de vantagens focados em passagens aéreas, para um modelo shopper, que tangibiliza o relacionamento”, analisa o Diretor Financeiro da NetPoints.

Homogeneização distancia consumidores

A homogeneização dos prêmios oferecidos é outra característica que distância o público dos programas. Segmentar é o caminho para se relacionar de forma continua com este novo consumidor. “A seleção e diferenciação dos produtos para agradar a todos os públicos é mandatória para o sucesso de qualquer programa. A empresa precisa olhar para o cliente e tratá-lo como especial. Nossa meta é ter fornecedores exclusivos de cada categoria até o primeiro trimestre do ano que vem para que as pessoas reconheçam o valor agregado”, diz André Fernandes, Diretor Financeiro da Netpoints.

E como o perfil imediatista lidera entre os consumidores da nova classe média, saem na frente as empresas que permitem trocas rápidas e que interfiram diretamente no orçamento mensal. “Existem clientes que acumulam em um mês para trocar no seguinte. Enquanto outros mudam os hábitos de compra preferindo lojas parceiras para aumentar seu potencial de consumo. A partir daí, eles trocam por itens como ingressos de cinema e recarga de celular que já saem do orçamento”, complementa André Fernandes.

As empresas também precisam estar atentas às peculiaridades relacionadas à faixa etária, sexo e localidade para atingir a parcela do público pretendido. “Não é só porque é classe C que o consumidor vai engolir qualquer coisa. Não adianta oferecer uma bússola que ficaria bem em um escritório de um executivo ou uma hospedagem que demanda tempo e reserva financeira, pois não é uma mecânica eficiente. O importante é observar o que está no dia a dia dessa pessoa”, diz Eliana Vicente, em entrevista ao portal.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/relacionamento/28941/programas-de-fidelidade-para-a-classe-c--o-que-os-aproximam-e-afastam-.html. Acesso em 15 out 2013.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Clientes que vão à mesma loja toda semana. O que os motivam?

Luisa Medeiros
24/09/2013
Algumas pessoas fazem da ida a sua loja preferida um hábito indispensável no dia a dia. Na lista dos afazeres como trabalho, atividades domésticas, familiares e sociais está o convívio com marcas eleitas como confiáveis. Esta relação vai além da compra para suprir uma necessidade: a ida ao ponto de venda se torna mais do que parte da rotina e ganha status de lazer. O consumidor dá uma passadinha para ver se chegou alguma novidade, verificar se o item pretendido na última visita ainda está disponível ou mesmo atender ao convite do vendedor para conhecer uma nova coleção. A visita na maioria das vezes termina com alguma compra na sacola.

Na busca de conquistar este lugar relevante junto ao consumidor o foco das empresas deve estar em entregar satisfação. As lojas que ganham espaço na memória e na agenda do consumidor e se tornam locais de retorno, têm em comum aspectos básicos como a entrega de produtos de qualidade e atendimento satisfatório. Além de não descuidar do foco em criatividade para a geração de um conceito e oferta de vantagens, isto dá ao consumidor a sensação de freqüentar um lugar único.  Esta tendência está presente em livrarias como Cultura e Travessa que se propõe a ser um passeio cultural, e em lojas como Chilli Beans que oferece um prazo de 15 dias de adaptação ao modelo de óculos escolhido.

Do ponto de vista de quem frequenta os pontos de venda rotineiramente, o essencial para que uma marca gere retorno é despertar identificação com o conceito e com os produtos. Ana Paula Evangelista tem 23 anos e toda semana faz pelo menos uma visita a sua loja preferida, a Maha Mantra, em um shopping no Rio de Janeiro. Mesmo se considerando uma pessoa que sabe controlar as finanças, ela compra pelo menos uma peça da marca por semana e gasta em média R$ 100,00 por vez. Além das roupas, ela destaca o atendimento personalizado como um motivacional para seu retorno. “Tenho itens ainda com etiqueta. Fui ao shopping na quinta-feira e comprei um conjunto: no sábado eles mudaram a vitrine e comprei um vestido”, conta a consumidora Ana Paula Evangelista, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Consumidor pró-ativo

O consumidor se familiariza com o ambiente, observa mudanças na decoração, relembra coleções passadas e dá palpites sobre o que gostaria de ver nas prateleiras. É o que acontece na loja de presentes Fitá. Para manter o ponto de venda atrativo ao cliente habitual, a empresa investe em produtos novos todos os meses e se preocupa em renovar a vitrine e mudar a configuração interna semanalmente. “Os clientes passam sempre para ver as novidades, mesmo quando não vão comprar naquele dia. São tão assíduos que já conhecem as vendedoras e a dona pelo nome e são sensíveis a cada alteração de mobiliário e coleção”, comenta Carolina Conrado, vendedora da Fitá do Shopping da Gávea, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A marca cultiva o hábito de conversar com o cliente e convidá-lo para uma nova visita por meio de mensagens de texto no celular e telefonemas. A relação próxima dá ao consumidor a sensação de liberdade para dar palpites e interferir até no processo de criação de produtos. “Uma senhora que vem sempre estava procurando utensílios para o casal de filhos que ia viajar. Ela se apaixonou por uma mala de flor para a filha, mas ao perceber que não teria uma opção para o filho, sugeriu que a próxima coleção deveria trazer malas para meninos. Todas as ideias são levadas diretamente para a sócia que desenvolve as artes”, conta a vendedora.

Esta relação pessoal construída entre os dois lados do balcão contribui para a maior confiança do consumidor. A sucessão de boas experiências transforma o cliente em um fã da marca que passa a considerá-la uma referência no seu segmento. “A questão é a capacidade de resolver o problema. Quanto menor for o esforço dele para chegar naquilo que deseja, mais positiva será a experiência. Isso depende diretamente de um esforço da marca de atendimento e interação” analisa Agnaldo Lima, Autor do livro “Como Conquistar, Fidelizar e Recuperar Clientes”, em entrevista ao Portal.

Fazendo o de sempre de uma forma nova

As visitas às lojas físicas implicam automaticamente em um investimento de tempo por parte do cliente e de atenção por parte da equipe para que o episódio se repita. Para que as marcas adquiram espaço nas agendas já divididas entre diversos compromissos, é indispensável alcançar relevância emocional e financeira junto ao público. “Tudo é pensado: música, cheiro e decoração para que o cliente entre em uma outra atmosfera e isso seja agradável ao ponto de desejar retornar. Quando ele tem essa experiência positiva, considera o que paga justo e a compensação financeira é automática”, analisa Sérgio Bocayuva, CEO do Mundo Verde, em entrevista ao Mundo do Marketing.

A aposta é fazer o de sempre de uma forma nova para destacar suas vantagens frente aos concorrentes justificando a atenção do consumidor. Neste contexto a experiência de consumo se torna um passeio mesmo que seja para a compra de itens triviais. Estabelecimentos que conseguem isso têm mais chances de conquistar clientes cativos, mesmo em categorias aonde o consumo não é considerado aspiracional como postos de gasolina, farmácias. “As padarias querem fidelizar como conveniência, com produtos diferenciados para que o cliente escolha o estabelecimento como um todo e não apenas por preço ou proximidade, como faria em uma loja de roupas”, complementa Agnaldo Lima.

A mesma lógica se aplica à loja Heróis da Pizza, em Santa Catarina, que para se diferenciar na tarefa de entregar pizzas aposta em garçons vestidos de super-heróis. “Esse é o segredo: tornar-se único, ainda que a modalidade de negócios seja antiga. É isso que faz as pessoas quererem comer pizza todos os finais de semana no mesmo estabelecimento.  Continua sendo o mesmo alimento, mas dentro de um novo conceito. O princípio é valido para que uma pessoa prefira comprar calçados na Centauro que disponibiliza uma pista de corrida, do que em outra sapataria”, exemplifica Agnaldo Lima.

O que é determinante para o cliente retornar ou não?

A cena do cliente assíduo se repete nos mais diversos segmentos do consumo. Mas além dos investimentos em inovação, as marcas devem identificar os fatores que fazem com que a pessoa não retorne e excluí-los de seus processos. “Se o cliente esboça o desejo de receber uma consultoria e não obtem, essa relação se perde. Se ele vai gastar dinheiro, quer se sentir confortável e amparado. O foco deve estar nos serviços e não nos produtos. As vendas são a consequência”, analisa Sérgio Bocayuva, CEO do Mundo Verde, em entrevista ao Mundo do Marketing.

É exatamente a falta de qualidade no atendimento a responsável por 44% da perda de clientes nas lojas, enquanto outros 30% não retornam pela falta de atenção e conhecimento sobre o que é oferecido. Os dadps são da pesquisa “Customer Switching Behavior in Service Industries”, organizada pela Universidade do Colorado em Denver. “O principal fator da perda de clientes é a falha na prestação de serviços, ou seja, errar naquilo que é a sua função primária”, complementa Agnaldo Lima.

Contudo, as expectativas que cada perfil apresenta em relação a uma marca variam de acordo com fatores como classe social e faixa etária. Por isso o conhecimento do público-alvo é indispensável: os jovens querem que seus desejos sejam supridos integralmente sem que precisem interferir nos processos produtivos dos estabelecimentos. Já as pessoas da terceira idade preferem quando são ouvidas sobre uma sugestão de produto ou modo de atendimento. “Alguns anos atrás uma cliente já idosa que ia à loja todos os dias faleceu. Quando abriram seu testamento veio a surpresa: tudo direcionado ao Mundo Verde. O motivo? Disse ser o único lugar em que se sentia respeitada”, conta o CEO do Mundo Verde em entrevista ao portal.


Disponível em http://www.mundodomarketing.com.br/reportagens/comportamento-do-consumidor/28746/clientes-que-vao-a-mesma-loja-toda-semana--o-que-os-motivam-.html. Acesso em 25 set 2013.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Anote aí 62: Marca; Especialistas; Classe C; Neuromarketing; Financeiro

PARENTE, Milena. A sua marca está protegida? Em 2010 a criação de CNPJs cresceu 101% em relação ao ano anterior. Mas será que todas essas novas empresas solicitaram a exclusividade da sua marca? O registro dá a vantagem de usá-la em todo o território nacional para identificação, tanto de produtos quando de serviços na sua área de atuação. Gestão & Negócios, nº 32, pp. 72-75.


FREITAS, Tatiana. Os novos especialistas Expansão das classes A e B no país estimula a prestação de serviços sofisticados; de ‘sommelier de atum’ a veterinária ‘comportamentalista’, tendência é personalizar o atendimento. Folha de S. Paulo, 31 de julho de 2011, Caderno Mercado, p. B3.   


NAVARRO, José Gabriel. Classe C, vírgula Melhor seria falar em classes C, no plural, sugere pesquisa inédita sobre renda popular. Meio & Mensagem, ano XXXIII, nº 1474, 29 de agosto de 2011, p. 42.


MEDEIROS, Elaine. Adivinhe o que o consumidor está pensando Que tal saber o que se passa na cabeça do seu cliente, segundos antes de ele decidir o que vai comprar? O neuromarketing pode ajudar. Consumidor Moderno, nº 161, agosto de 2011, pp. 128-131.


CERBASI, Gustavo. Dê utilidade aos controles financeiros O empreendedor não precisa ser contador ou economista, mas deve aprender a analisar os relatórios para poder questionar as possíveis alterações nos indicadores, que são as medidas da saúde do negócio. Pequenas Empresas Grandes Negócios, nº 272, setembro de 2011, p. 108.